Tão letal quanto uma arma
Nos últimos três finais de semana, 11 pessoas morreram em acidentes na Região Central
Superar a dor de perder dois filhos de uma só vez ainda é algo muito distante para a técnica de enfermagem Maria Albertina da Silva Fraga. Até mesmo falar sobre assunto é difícil para a mãe de Thiago de Souza Fraga, 28 anos, e João Lineker da Silva Fraga, 12, mortos em um acidente de trânsito na noite quente do sábado de 15 de agosto.
Nos últimos três finais de semana, 11 pessoas morreram em acidentes na Região Central
Superar a dor de perder dois filhos de uma só vez ainda é algo muito distante para a técnica de enfermagem Maria Albertina da Silva Fraga. Até mesmo falar sobre assunto é difícil para a mãe de Thiago de Souza Fraga, 28 anos, e João Lineker da Silva Fraga, 12, mortos em um acidente de trânsito na noite quente do sábado de 15 de agosto.
– Conforme o tempo passa, a dor só aumenta. Num dia, eles estavam aqui com a gente, tinham planos como qualquer pessoa da idade deles. De repente, eles foram engolidos por um caminhão. Não sei nem o que pensar.
Estou perdida – desabafa a mãe, que pretende, no futuro, fundar um grupo de combate à violência no trânsito.Thiago e João são dois dos 11 nomes que formam uma trágica lista construída no trânsito da Região Central nos últimos três finais de semana (veja o quadro na página 15), um número considerado alto por especialistas da área.
As causas de cada um dos acidentes ainda são investigadas pela Polícia Civil, mas o chefe de policiamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Maria, Claudir Nascimento, dá pistas de alguns dos fatores que podem ter contribuído para a tragédia:– Os acidentes violentos normalmente aumentam nos finais de semana, mas, com a volta do calor, as pessoas ficam mais eufóricas, seja para encontrar parentes e amigos em outra cidade ou para se deslocar até uma festa.
Investigador da equipe da Delegacia de Trânsito da Polícia Civil de Santa Maria há oito anos, o comissário Nereu Manfil acredita que desastres de trânsito poderiam ser evitados se os motoristas não fossem tão autoconfiantes.
Para ele, a maior parte das tragédias ocorre por imprudência. Nascimento, da PRF, concorda e destaca que os motoristas brasileiros são culturalmente “inconsequentes.”– As pessoas acham que os desastres acontecem com os outros, nunca com elas – afirma Nascimento, que trabalha há pelo menos 15 anos na PRF de Santa Maria.
Essa característica é ainda mais marcante nos jovens, segundo Nascimento – entre os 11 mortos na região, seis têm menos de 30 anos. A inexperiência seria outro fator que colaboraria para que jovens sejam as principais vítimas de tragédias.É cultural – Com experiência de cinco anos como instrutor de trânsito, André Prestes, 34, concorda com o policial.
Ele afirma que nem mesmo o novo código de trânsito, que endureceu as punições a infratores e obrigou candidatos à habilitação a ter mais aulas teóricas e práticas, contribuiu para que os jovens se envolvessem menos em desastres.– Não é uma questão só de legislação.
É de cultura do povo. As pessoas saem da autoescola, fazem tudo que aprenderam durante um tempo e, depois, passam a fazer o que a maioria faz. É sempre mais fácil fazer o errado do que fazer o certo – diz o instrutor.
bianca.backes@diariosm.com.br BIANCA BACKES
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Conforme o Departamento Nacional de Trânsito, cerca de 35 mil pessoas morrem no Brasil todos os anos em decorrência de acidentes de trânsito
Dois irmãos – Thiago, 28 anos, e João, 12 – morreram quando a Saveiro dirigida pelo mais velho bateu em um caminhão na BR-158, em Santa Maria, no dia 15
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Fonte: Diário de Santa Maria, 04/09/09
2 comentários:
O título fala por si.Por isso é preciso ficar sempre em Alerta.
Não há consolo para esta mãe.
Paz para o coração desta mãe um dia por vez...
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