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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Faixa de Pedestre Um teste de Coragem

A capa do álbum Abbey Road imortalizou uma das mais conhecidas imagens dos nossos tempos: os Beatles atravessando a rua na faixa de pedestre.
Eles estavam em Liverpool, na Inglaterra. Porque se estivessem em Santa Catarina, correriam sério risco de serem atropelados.
Uma equipe de repórteres do Grupo RBS saiu, ontem, às ruas de sete das principais cidades do Estado para testar o comportamento dos motoristas. A missão que parecia simples virou um teste de coragem. Atravessar a rua não é nada fácil por aqui.
O teste foi feito em Joinville, Florianópolis, Jaraguá do Sul, Itajaí, Blumenau, Lages e Criciúma. Com exceção de Itajaí, onde o placar ficou empatado, as demais cidades mostraram que o que impera nas ruas é o desrespeito. Confira a seguir a experiência vivida e narrada pelos próprios repórteres.
Placar do Estado de SC
7 cidades testadas /70 faixas testadas / 25 faixas respeitadas / 45 faixas desrespeitadas
Florianópolis
"Em Florianópolis, as ruas que concentram o maior fluxo de veículos estão localizadas na região Central. Foi justamente nestes locais que tive mais dificuldade para atravessar na faixa de pedestre. A sensação que dá é que todo mundo está com pressa e quer sair sair dali o mais rápido possível. Muitas vezes precisei caminhar entre os carros e motos, como na Rua Deodoro. Entre as seis ruas do Centro onde fiz o teste, apenas nas ruas Trajano e Dorval Melchiades de Souza, esquina com a Praça Getúlio Vargas, os motoristas respeitaram a faixa de pedestre e pararam para que eu pudesse atravessar. O maior problema nesta última rua é que os veículos são obrigados a parar em cima da faixa para poderem atravessar. Do contrário, os motoristas não têm visibilidade. Fora do Centro, na rótula da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no Bairro Trindade, é preciso andar bem rapidinho. Ou corre-se o risco de levar um susto e, na pior das hipóteses, ser atropelado."
Nanda Gobbi
Joinville
"No Centro, me deparei com o mau comportamento dos motoristas. Vi pedestres correndo para não serem atropelados, transitando entre os carros ou esperando mais de um minuto para atravessar com segurança. Entre os exemplos positivos, está a Rua Pedro Lobo, em frente ao Shopping Mueller, onde os motoristas costumam dar preferência. Talvez o posto da polícia, em frente, incentive a postura. Nem onde há sinaleiro para pedestres a faixa é território seguro. O tempo é curto e, quando há congestionamento, alguns param em cima da faixa."
Mariana Pereira
Criciúma
"Para fazer o teste da faixa de pedestre, nossa equipe restringiu os trabalhos à área central. Das 10 faixas testadas, apenas três contaram com respeito dos motoristas: nas ruas Anita Garibaldi, Desembargador Pedro Silva (em frente à Cachaçaria Água Doce) e no cruzamento da Rua Henrique Lage com Avenida João Pessoa (onde o trânsito está lento, o que facilita a travessia). Por outro lado, quase fui atropelado na Rua Santa Catarina (onde a faixa está mal posicionada), e no cruzamento das ruas Lauro Muller e Barão do Rio Branco, na praça do Congresso. Em ambas, os veículos trafegavam embalados e me obrigaram a recuar na travessia. Os motoristas não querem perder o embalo e só param ao notar que você está decidido a fazer uso da faixa. Aliás, as faixas também precisam de pintura urgente."
Cristiano Rigo Dalcin
Itajaí
"Em geral, os motoristas itajaienses respeitam os pedestres na faixa de segurança. Mas não dá para marcar bobeira. Testamos os motoristas em sete ruas do Centro e três de bairros. O perigo maior foi nas ruas centrais. Na Rua Tijucas, dois motoristas tiveram de pisar fundo no freio quando entrei na faixa.
Perto dali, na Rua Brusque, o primeiro carro não respeitou a passagem do pedestre e ficou em cima da faixa quando o trânsito parou. Das 10 faixas, a mais perigosa foi na Avenida Abrahão João Franciso, conhecida como Contorno Sul.
Por ser uma via de velocidade média, os motoristas não param e ainda buzinam para os pedestres que atravessam na faixa. Escutei até palavrão.
Segundo a responsável pelo cartório da Delegacia de Delitos no Trânsito, Maria Glória Potter, as faixas de Itajaí, em geral, são mal planejadas."
Raffael do Prado
Lages
"Das 10 tentativas de atravessar na faixa, em apenas três os motoristas pararam: nas ruas Hercílio Luz, no primeiro trecho da Benjamin Constant e primeiro trecho da Correia Pinto. Nas duas últimas, testei a faixa em dois pontos. Precisei de paciência até que um motorista parasse, além de desviar dos carros em cima das faixas.
No segundo ponto da Correia Pinto, a faixa está quase apagada. Mesmo com a presença constante da Polícia Militar, que tem uma base a poucos metros, os motoristas não respeitaram as faixas. Em alguns pontos o pedestre precisa correr e, muitas vezes, ouve xingamentos."
Pablo Gomes
Blumenau
"Foram xingamentos, freadas bruscas, pedestres disputando espaço com os carros e se vendo obrigados a apressar o passo para não serem atropelados. Tudo isso em cima da faixa de segurança. A falta de educação no trânsito de Blumenau ficou evidente no teste feito ontem pela reportagem. Nas raras vezes em que para, a maioria dos motoristas fica irritada. Foram três xingamentos e gestos obscenos pelo vidro.
Em outra ocasião, o motorista parou subitamente em cima da faixa. Ao ver o susto do pedestre, sorriu e acenou num gesto de desculpa.
Em Blumenau, não há estatísticas oficiais sobre acidentes em faixas de segurança. Conforme a Guarda de Trânsito, apesar do desrespeito de alguns motoristas, é difícil de ocorrer atropelamentos nestes locais."
Isabela Kiesel
Jaraguá
"Jaraguá do Sul tem um trânsito complicado. Além de a geografia da cidade não favorecer a expansão das ruas, para atravessar os pedestres travam uma luta contra a frota de 75.258 (dados de 2008) veículos cadastrados na cidade. Nem nas 300 faixas de pedestre da cidade é fácil fazer com que os motorista parem.
No teste feito ontem pela reportagem, em 10 faixas de ruas de maior movimento da cidade, em apenas três foi possível atravessar sem o risco de ser atropelado. Nas demais, os carros não pararam imediatamente para facilitar a travessia e ameaçavam a segurança do pedestre."
Diego Rosa
Diário Catarinense 18/09/09

5 comentários:

ONG ALERTA disse...

O desrespeito a vida é grande!!!!

Fernanda Guerra disse...

Um teste de coragem !!!!!!!!!
Um teste de sobrevivência.

Jurandir Santos disse...

Educar toda uma população na base crianças...

Ricardo Conceição disse...

O maior problema nesta última rua é que os veículos são obrigados a parar em cima da faixa para poderem atravessar. e nem enxergam se vem pedestre ou não um perigo!

Mariana disse...

Faixa de pedestre DEVERIA ser respeitada tanto por pedestre como pelos motoristas.mas isto é possível acontecer, basta educar este povo.