Translate

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Dois irmãos morrem em acidente em Santa Catarina

Trânsito, 23/11/2008, Diário Catarinense
Dois irmãos morrem em acidente no sul do Estado

Vítimas são Ricardo, 16 anos, e Diego Bitencourt Tessari, 19

Os irmãos Ricardo Bitencourt Tessari, 16 anos, e Diego Bitencourt Tessari, 19, foram as duas vítimas fatais do acidente de trânsito registrado às 3h deste domingo, na SC-449, em Balneário Arroio do Silva, Sul do Estado. O acidente feriu ainda outros quatro ocupantes do Palio, com placas MAG-3036, de Balneário Arroio do Silva. De acordo com Polícia Militar Rodoviária, de Içara, o veículo conduzido por Weliton Foss Walkel, 20 anos, saiu da pista e colidiu contra uma árvore no quilômetro 39 da rodovia que liga Araranguá ao município de Balneário Arroio do Silva. Todos os ocupantes foram arremessados para fora do veículo, que ficou completamente destruído. Ricardo morreu no local, enquanto Diego e outros quatro ocupantes foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros e encaminhados ao Hospital Regional de Araranguá. Diego não resistiu aos ferimentos e faleceu na manhã de domingo. A ocupante Vanessa Martins Valnier, de 22 anos, sofreu traumatismo craniano e está internada em estado grave na UTI do hospital. O motorista também está internado em um quarto do hospital, enquanto os caroneiros Fabricia Cristina Fernandes, e Rodrigo Bitencourt Tessari, 16 anos (primo das vítimas), estão em observação.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Os desafios do Trânsito



24 de abril de 2008, Jornal Zero Hora


Trânsito


Os desafios do trânsito


Associação de moradores do Lindóia leva vídeos que mostram problemas da região à EPTC

No dia 3 de abril, a Associação de Moradores do Jardim Lindóia (Amal) entregou à Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) um documento solicitando alterações no trânsito da região. Para a ocasião, o vice-presidente da Amal, Carlos Pereira, produziu um vídeo com os principais problemas apontados pela comunidade.As imagens mostram canteiros mal sinalizados na Avenida Sertório, o contraste da via congestionada com o corredor de ônibus vazio, a Avenida Bogotá com a sinalização confusa e os riscos oferecidos pelo muro de contenção do viaduto da freeway com a Avenida Assis Brasil.Como resultado da reunião, a EPTC se comprometeu a reforçar a sinalização ao longo da Avenida Bogotá até o fim de maio. Transformá-la em mão única, segundo a gerente de planejamento de trânsito da EPTC, Carla Meinecke, dificultaria o acesso de moradores a suas residências. Também devem receber melhorias na sinalização os canteiros centrais que representam risco de acidente na Avenida Sertório.Quanto ao muro da freeway, a EPTC deve encaminhar a solicitação à Concepa, concessionária responsável pela rodovia. A Secretaria Municipal de Obras e Viação também será contatada para que conserte os canteiros da Sertório, danificados em acidentes.Como já manifestou anteriormente, a EPTC considera inviável a liberação do corredor de ônibus para outros veículos. Para a empresa, com a implementação do projeto Portais da Cidade, o corredor terá importância vital para o transporte coletivo da Capital. Entretanto, o órgão se comprometeu a intensificar a fiscalização do tráfego de carroças no horário de pico e a estudar o seqüenciamento das sinaleiras, como formas de melhorar a fluidez do trânsito.Conforme a Amal, uma alternativa seria a implementação do sistema Onda Verde. Em funcionamento em capitais como Cuiabá, Curitiba e São Paulo, o sistema consiste na sincronização dos semáforos, de modo que os condutores possam percorrer a via sem encontrar sinais vermelhos, desde que mantenham velocidade média de 50 km/h.
CARLOS HAHN Especial


O que fazer?


Texto enviado por Carlos Pereira

"A zona norte de Porto Alegre vive um crescimento imobiliário fantástico, com grandes empreendimentos comerciais e residenciais. O resultado são mais pessoas dividindo um trânsito caótico, sem investimentos e sem novidades há muitos anos, exceto a eterna obra na Baltazar. A Avenida Assis Brasil, saturada, esperava a construção do metrô, mas parece que, no fim, será construído na Avenida Bento Gonçalves, contrariando todas as expectativas e estudos de viabilidade.
A Avenida Sertório, que seria a alternativa para chegar ao bairro, congestiona completamente nos horários de pico. Tem de tudo: papeleiros, carroças e ônibus fora do corredor. Aliás, o que menos tem é ônibus no corredor. Sem paciência, os motoristas arriscam a multa e invadem a pista dos ônibus.
Diante do caos instalado, o que fazer? Se você fizesse esta pergunta às autoridades de trânsito, elas lhe diriam para utilizar o transporte coletivo, como se este fosse eficiente e seguro. De fato, é mais fácil do que admitir que não existe investimentos em trânsito. Na verdade, hoje só anda de carro quem precisa, quem necessita, pois acaba ficando mais tempo parado do que andando.
Por outro lado, bairros outrora tranqüilos vêem seu movimento aumentar por conta de motoristas que buscam novas rotas para fugir dos engarrafamentos. E isto está acontecendo com o nosso Lindóia. A Avenida Panamericana virou rota de passagem para quem vem da Sertório e deseja cruzar a Assis Brasil pela Bogotá.
Nossos cruzamentos são mal sinalizados, nossas ruas não têm placas com nomes. Enfim, temos muitos problemas como todos os bairros, mas não devemos nos acomodar. Temos de buscar alternativas. Acredito na sociedade organizada como a única forma de mudar a realidade."


Os problemas apontados pela Amal


- O corredor de ônibus da Avenida Sertório é subutilizado, enquanto as outras pistas ficam congestionadas nos horários de pico. Agrava a situação a presença de ônibus e carroças entre os carros.
- Resquícios de sinalização antiga induzem motoristas a pensar que a Avenida Bogotá é de mão única em direção à Assis Brasil. No entanto, isto só ocorre na esquina da Rua Maria Montessori. Há registro de acidentes no local.
- À noite, os motoristas correm o risco de bater no muro de contenção do viaduto da freeway, devido à sinalização e à iluminação insuficientes. A pista apresenta marcas de pneus no local.
- A má sinalização dos canteiros da Avenida Sertório favorece acidentes. Alguns estão danificados por antigas colisões.


zerohora.com


Confira trechos dos vídeos feitos pela Amal:
- Corredor de ônibus da Sertório vazio no horário de pico
- Canteiros centrais da Avenida Sertório estão mal sinalizados
- Muro do viaduto da freeway também precisa de sinalização
- Avenida Bogotá tem sinalização antiga que confunde motoristas

Mãe sempre



Há 16 anos atrás , quando não se tinha em mente a importância do uso do cinto de segurança, minha filha, Vitória, junto com duas de suas melhores amigas, Larissa e Lísia, sofreram um acidente fatal na estrada Porto Alegre-Gramado. Não sei aferir, mas se tivessem usando o cinto talvez pelo menos alguém tivesse se salvado.

Gostaria de me unir a todas as mães que perderam seus filhos de forma trágica. A dor, a saudade de perder um filho jovem, na sua idade mais linda, nunca passa, mas a gente aprende a conviver com ela, ela passa a fazer parte da trajetória de nossa vida.
Nunca mais seremos iguais, a dor nos transforma, mas se tivermos espiritualidade ela, com certeza, nos muda para melhor....

Gloria Corbetta

POA, 25 de novembro de 2008

domingo, 23 de novembro de 2008

Saudades de minha grande amiga


Alessandra:

Ah, eu to sem ninguém pra falar agora e bateu uma saudade desgraçada, uma tristeza também.Eu só queria que quando passasse por aqui se cuidasse, porque a dor de perder alguém é algo inexplicável, não desejaria isso nem pro meu pior inimigo, nem pra pessoa q eu mais odeio no mundo. Sério, eu tenho muitas saudades de ti Ale, muita, muita, de todos os dias que tu veio me visitar, de todas as visitas surpresas, daquele dia q a gente foi na piscina e eu te ajudei em cálculo. Sinto muita falta dos dias q tu me ligava só pra conversar sobre nada e se eu soubesse q eu fosse te perder tão cedo eu teria aproveitado mais a tua última ligação, teria gravado ela pra ouvir sempre. Teria aproveitado nossa última partida de sinuca, teria dado o último beijo e abraço mais demorado e apertado do mundo. se eu pudesse voltar no tempo, daria tudo, sério, tudo pra poder dar um único abraço em ti, e ter escutado um "oi mala" por debaixo da franja. Mesmo com toda dor q eu to sentindo, não me arrependo nem um segundo ter te conhecido pra te perder depois.
Queria que tu soubesses que tudo e qualquer momento que passamos junto, vai ser eternizado, lembrarei pra sempre. Hoje eu fui comer sushi, lembrei muito de ti, do dia que tu me seqüestraste de casa e dos meus estudos pra ir jantar minha comida predileta, na melhor das companhias. Eu não sou escritor, e não sou nem um pouco bom com as palavras nem pra expor os meus sentimentos, mas tudo o que escrevi agora não representa 1% do que eu to sentindo. Eu tava esperando a sexta feira daquela semana, porque a gente tinha combinado de jogar paddle neh? Mas por alguma razão e eu ainda desconheço, essa partida de paddle não vai poder acontecer, eu vou esperar por aquela sexta feira pra sempre, sabendo q eu to esperando em vão. Eu só espero que tenham me ensinado certo, que tu realmente estejas em algum lugar melhor do que este (que dia primeiro de fevereiro perdeu um integrante que trazia muita alegria pra cá). Às vezes eu fico pensando...
Porque que teve que ser contigo? Porque com alguém que eu amo? Podia não demonstrar, mas como eu disse antes, não sou bom em demonstrar o que eu sinto. Porque que tinha que ser contigo, Ale? Tem tanta gente má que podia ter ido no teu lugar. Mas não, tinha que ir alguém que deixava o mundo mais alegre, esse alguém tinha o sorriso mais bonito que eu já vi. É difícil de aceitar isso, eu ainda não consegui. Se eu pudesse pedir qualquer coisa, QUALQUER coisa, eu não pensaria duas vezes antes de pedir pra poder dar um último abraço na senhora... Ah, mas eu ia aproveitar muito.eu queria poder te dizer q tu fez parte da minha vida nesse ano q passou, principalmente, e q eu sempre vou lembrar de ti de todos os momentos alegres (também de algumas vezes que tu ficava muuuuito braba e irritadinha, e mesmo assim eu achava muito bonitinho)´.
São desses momentos alegres e felizes q eu tento lembrar sempre, tentando tirar da cabeça o acidente, o momento com certeza mais triste de toda a minha vida. Infelizmente lembro ainda como se fosse hoje do meu celular tocando dando a noticia, da minha mãe entrando chorando no quarto. Meu deus, eu queria poder te ver só mais uma vez.

Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, mas não vai sozinha e nem nos deixará só, porque leva um pouco de nós e deixa um pouco de si. Há os que levam muito e deixam pouco, há os que levam pouco e deixam muito. “Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que não nos encntramos por acaso” Chaplin.

Carlos Bohrer, amigo da Alessandra.

23/11/2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Casal Feijó lança Ong Alerta


Jornal Correio do Povo, 12 de novembro de 2008.
Casal Feijó lança a ONG Alerta

No encerramento do Fórum Fronteiras da Lei Seca, foi lançada a ONG Alerta – Fique Atento, Fique Vivo, de Lisette Feijó, mulher do ...

'Após a morte da minha filha, comecei a estudar coisas que não sabia, como o freio ABS e se os condutores saem preparados das auto-escolas.'Lisette FeijóFundadora da ONG Alerta.

Ong pretende focar outros pontos



Geral

ONG pretende focar outros pontos

13/11/2008, Jornal do Comércio

Após sofrer a perda da filha Alessandra, de 18 anos, em um grave acidente de trânsito, Lisette Feijó resolveu atuar diretamente na luta pela preservação de vidas. A esposa do vice-governador Paulo Feijó criou a ONG Alerta. "Queremos que as pessoas tenham a consciência de que o álcool é um problema sério, mas que há outros fatores de risco que acabam se transformando em armadilhas e deixando o trânsito cada vez mais violento", destaca.O símbolo da entidade é um triângulo. "Representa um tripé que mostra a interdependência entre o motorista, o veículo e a via. Com isso, podemos fazer alguns questionamentos: será que nossos condutores estão bem preparados? Será que sabemos utilizar corretamente os automóveis? E as rodovias, são adequadas?".Parte das dúvidas levantadas por Lisette foi respondida de forma trágica no acidente que vitimou sua própria filha. Com menos de um ano de habilitação, Alessandra não conseguiu segurar o carro em uma curva e acabou se chocando contra um poste na Terceira Perimetral. "Foi uma via projetada com falhas. Mas entendo também que temos que preparar melhor nossos motoristas. Em nenhum momento há simulações de situações críticas ao volante. Não há nem ao menos treinamento em rodovias durante o período de habilitação", analisa.O caso de Alessandra foi mais um que ceifou uma vida jovem. De acordo com o Ministério da Saúde, os acidentes são a segunda maior causa de morte entre aqueles que são o futuro do País. A partir dos cinco anos de idade, atropelamentos são uma constante. E a situação trágica se estende até a faixa onde começa a adolescência. Só em 2007 foram mais de 38 mil óbitos no trânsito brasileiro.Nova lei está perdendo a eficáciaEm quase cinco meses de vigência da nova lei de tolerância zero ao álcool, a situação do trânsito parece estar retornando à antiga realidade. Indicadores de acidentalidade voltaram a aumentar e surgem críticas à eficácia da legislação também chamada de lei seca. O tema foi debatido ontem durante o Fórum sobre Traumas de Trânsito, promovido pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia em Porto Alegre.O assessor da gerência de fiscalização da EPTC, Daniel Denardi, diz que os fiscais conseguem lavrar autos administrativos, como a retenção temporária do veículo. Contudo, na hora de se condenar judicialmente - no aspecto penal - o infrator de trânsito, o caso é bem mais complicado.Ele mostrou trechos de decisões judiciais. "A Justiça tem decidido que sem a comprovação de exames de sangue ou do bafômetro, como determina o artigo 306 do Código Brasileiro de Trânsito, não há como se caracterizar crime de trânsito. Isso está na jurisprudência", explica e se deve também ao fato de que o condutor pode se negar a fazer o teste do bafômetro ou qualquer outra testagem sangüínea.Com relação ao número de acidentes, os índices também não são nada animadores. Depois de apresentar uma redução nos atendimentos de 30% durante o primeiro mês de vigor da legislação, o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre voltou a registrar uma nova elevação dos índices de 3% no terceiro mês.Para o presidente da Sociedade de Ortopedia e Traumatologia (SOT-RS), Fábio Dal Molin, isso é resultado da retração da fiscalização, aliada ao menor espaço dado pela mídia ao assunto. "A conscientização demora tempo. É preciso manter as barreiras e as ações de divulgação", aconselha.Em razão disso, a SOT-RS e o Ministério da Saúde lançam hoje a campanha Férias sem Trauma. "Vamos estar com equipes espalhadas em 16 pontos de Porto Alegre para orientar as pessoas que estejam alertas às principais questões de trânsito."Imprudência está entre as grandes causasSe a maioria dos motoristas trafegasse de acordo com as normas de trânsito, o Brasil poderia atingir os tão sonhados índices de redução na acidentalidade. Essa afirmação perfaz o sentimento geral dos especialistas que participaram do Fórum Sobre Traumas de Trânsito, realizado na Fiergs."A imprudência e a negligência são fatores sérios de risco. O caso dos motociclistas é um exemplo. Eles representam 60% do total de acidentes. Grande parte é causada pelo descumprimento das regras básicas de trânsito, como cruzar o sinal vermelho etc. Podemos dizer que a maioria dos casos é de fácil prevenção. Basta que se cumpra a lei", afirma Roberta Dalcin, médica reguladora do Samu de Porto Alegre.Segundo ela, o serviço de atendimento de urgência tem atuado principalmente em acidentes que ocorrem nos horários em que as pessoas costumam estar sóbrias. "Não temos um pico, mas sim um platô de atendimentos que começa às 10h e só termina às 20h", informa.O médico Nelson Tombini, especialista em Medicina de Tráfego, traz mais um dado importante. "Sabemos que um grande número de acidentes acontece próximo de casa. Ou seja, a pessoa está chegando e acaba relaxando. Às vezes, até acelera mais. Por isso é preciso atenção no volante sempre", recomenda.Outro ponto diz respeito ao uso de medicamentos. Tombini reivindica que alguns remédios tenham um indicativo de alerta na embalagem. "Eles podem causar sono ou retardo nos reflexos da pessoa. Em razão disso, deve-se evitar tomar determinados antialérgicos, antiinflamatórios e relaxantes musculares antes de dirigir."

Campanha Propõe férias sem traumas




13 de novembro de 2008, Jornal Zero Hora


TRÂNSITO


Campanha propõe férias sem traumas

A campanha Férias sem Trauma irá reforçar a mobilização pela redução dos acidentes de trânsito no verão.Organizada pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), em parceria com o Ministério da Saúde, e lançada ontem na Capital, a iniciativa foi deflagrada com o Fórum sobre Traumas de Trânsito Fronteiras da Lei Seca. Durante o encontro, que reuniu aproximadamente 200 representantes de diferentes organizações públicas e privadas para discutir o impacto da tolerância zero ao álcool no cotidiano, na manhã de ontem, também foi lançada a ONG Alerta. A entidade foi criada pelo vice-governador Paulo Feijó e pela mulher, Lisette, em homenagem à filha Alessandra, vítima do trânsito.– Nem sempre o álcool é o culpado. Existem certas armadilhas que temos de tornar mais conhecidas, como a via e o veículo. Será que o tempo na direção em auto-escola, por exemplo, é suficiente? Será que não deveriam levar os aprendizes para uma pista molhada para testar? – questiona Lisette, que pretende trabalhar em parceria com organizações públicas e privadas para discutir ações de segurança.Hoje, a SBOT coordenará a distribuição de aproximadamente 30 mil folhetos e de adesivos para pára-brisas, em 16 pontos diferentes da Capital, das 11h às 19h. Os distribuidores estarão identificados com camisetas e bonés, com o slogan “Não seja carona de quem bebeu”. Durante o verão, anúncios de TV ecoarão a mensagem de conscientização.

domingo, 9 de novembro de 2008

Recado a motoristas iniciantes


Alessandra Feijó


09 de novembro de 2008, Jornal Zero Hora


Luto Precoce


Recado a motoristas iniciantes

O casal Lisette e Paulo Afonso Feijó, vice-governador do Rio Grande do Sul, está transformando a dilaceração que é perder uma filha em ações para prevenir acidentes de trânsito.Professora de Educação Física, Lisette intui que a cicatriz da tristeza jamais se apagará. Mas confia que, ajudando a salvar vidas, manterá os sonhos de Alessandra Andreolla Feijó, a Ale, morta aos 18 anos.Quando o Peugeot 307 dirigido por Ale se enroscou num poste da Terceira Perimetral de Porto Alegre, em fevereiro, os Feijó se sentiram despedaçados. O casal viajou, cancelou a missa de sétimo dia, ficou “meio fora da realidade”, como define Lisette.– Como entrar no quarto dela... não tem mais nada – diz a mãe, 47 anos.Mas a dor está sendo abrandada. Já está na internet o blog ONG Alerta, entidade que deseja conscientizar jovens motoristas sobre os perigos no trânsito. O lançamento oficial deverá ocorrer durante o 40º Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia, entre os dias 13 e 15, na Capital.O nome da ONG combina o apelido Ale – como era chamada a estudante de Engenharia Mecânica da PUCRS – com o próprio significado da palavra alerta. Atuará no tripé formação do condutor, segurança das vias e conhecimento dos carros. Alertará que ruas e estradas têm armadilhas, como postes e muretas mal localizados. O automóvel de Ale colidiu contra um poste colocado rente à pista.

Um pedido especial

Luciano Berndsen

09 de novembro de 2008, Jornal Zero Hora


LUTO PRECOCE


Um pedido especial

Marilene Rigo transformou a dor da perda do filho Luciano Berndsen, aos 17 anos, vítima do tumor de Askin, no amor aos pacientes de câncer de mais de cem municípios do Estado que buscam tratamento em Erechim. Um ano depois da morte filho, ela fundou o Centro de Apoio Oncológico Luciano (Caol), que já atendeu mais de 6 mil pacientes em uma década de atividade. As comunidades da região auxiliam na manutenção da casa, com capacidade para hospedar até cem pessoas por dia.Aos 15 anos, o saudável Luciano precisou lidar com a revolta de se saber portador de uma doença grave, o tumor de Askin. Vieram as dores, a paralisia parcial e as longas viagens em busca de tratamento, desde o método mais convencional ao mais alternativo. Foi a solidariedade dos amigos e da família que permitiu ao garoto suportar a dor e anter a esperança de viver.– Quando não havia mais o que fazer, ele me chamou e pediu que eu tentasse fazer algo por pacientes que, como ele, precisavam viajar em busca de tratamento – conta Marilene.

Pela redução da violência


Max Fernando Oderich

09 de novembro de 2008, Jornal Zero Hora


LUTO PRECOCE


Pela redução da violência

É em nome do filho Max Fernando, assassinado em 2002, que o empresário Luiz Fernando Oderich, 59 anos, criou a ONG Brasil Sem Grades (BSG) para tentar diminuir a criminalidade. A intenção é atuar nas causas geradoras da violência, para evitar que jovens troquem o lápis pelo revólver.Foi um tiro que perfurou o coração de Max, durante um assalto, quando ele veio de São Sebastião do Caí a Porto Alegre para comprar o terno de formatura. Filho único de Maria Isabel e Luiz Fernando, era gerente de vendas na metalúrgica do pai e concluíra o curso de Administração de Empresas.Em vez de se engolfar na saudade e se proteger entre grades, Luiz Fernando decidiu agir. Uma das iniciativas da BSG é conscientizar sobre a paternidade responsável. O raciocínio começa pela origem do problema: se as famílias tiverem apenas os filhos desejados, haverá mais escola, trabalho e oportunidades. Logo, a marginalidade cairá.

Luta de paz por festas seguras

Igor Carneiro


09 de novembro de 2008, Jornal Zero Hora


LUTO PRECOCE


Luta de paz por festas seguras

No dia 1º, quando se completaram apenas duas semanas do assassinato do filho, a empresária Maria Isabel Santos liderou uma marcha silenciosa às margens do Guaíba, na Capital, para apresentar a Fundação Igor Carneiro, a Ficar. Caminhou atordoada com a recente separação, contendo lágrimas, mas entendeu que deveria se mobilizar desde cedo contra a violência que a todos acossa.Estudante de Direito na PUCRS, Igor foi atingido por uma bala perdida na madrugada de 19 de outubro, numa festa com bebida liberada na Associação dos Funcionários do Inter. O tiro esfacelou a família e abreviou os sonhos do universitário que já trabalhava e faria 19 anos no dia 25.Quando o filho ainda estava no Hospital de Pronto Socorro (HPS), Isabel, 49 anos, foi amparada por parentes, amigos e ex-colegas da turma de 1977 do Colégio Anchieta. Da garganta de todos, pendia o mesmo grito abafado pela estupefação: o que fazer? Foi assim que nasceu a Ficar, que não será propriamente uma fundação, devido ao emaranhado da burocracia.A sigla embute significados, além das iniciais Fundação Igor Carneiro. Isabel lembra que os adolescentes e jovens adotam o termo para namoros relâmpagos em festas. Outra alusão foi sugerida pelo pai do rapaz, o militar Carlos Esquerdo Carneiro, 45 anos, que mora no Rio de Janeiro:– O Igor não pôde ficar, mas o seu filho pode.A Ficar irá se empenhar para que outros jovens não sejam eliminados em festas onde os organizadores liberam bebidas de álcool e não conseguem deter o ingresso clandestino de armas. Vai cobrar que os eventos reunindo multidões tenham alvará, seguranças, detectores de metais. Lazer não deve ser um flerte com o perigo.No início, revoltada com a morte do filho numa festa que reuniu 3 mil pessoas, Isabel cogitou direcionar a Ficar na cobrança de medidas. Agora, embora siga inconformada e indignada com o crime, pretende que a entidade aja na prevenção.– Será uma luta de paz, de alerta aos jovens, para que possam encontrar a festa adequada e segura – diz.A comoção e a vontade de contribuir já agregaram dezenas de voluntários em torno da Ficar. Sites de relacionamento na internet contabilizam milhares de adesões.

Vida Urgente inspira a mobilização de pais

Thiago Gonzaga

09 de novembro de 2008, Jornal Zero Hora

LUTO PRECOCE


Vida Urgente inspira a mobilização de pais


Uma das inspirações para mães e pais que transformam o luto em dedicação social é a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga. Desde 1996, pela campanha Vida Urgente, desenvolve atividades para evitar que jovens morram em acidentes de trânsito. Consolidou-se a ponto de espalhar núcleos pelo Rio Grande do Sul e outros Estados.A Vida Urgente também surgiu de um drama familiar. Em 20 de maio de 1995, o casal Régis e Diza Gonzaga perdeu o filho Thiago, 18 anos, que estava em um Gol que colidiu contra um contêiner, na esquina da Avenida Cristóvão Colombo com a Rua Ramiro Barcelos, na Capital.Uma das ações mais impactantes é a Borboletas pela Vida. Brancas e cintilantes, uma revoada delas foi pintada no asfalto de ruas e avenidas, para alertar sobre os jovens que tombam na guerra do trânsito. Outra iniciativa salvadora é o Buzoom, com veículos que garantem carona na saída de festas.


sábado, 8 de novembro de 2008

A dor que vira generosidade


09 de novembro de 2008

LUTO PRECOCE

A dor que vira generosidade

Morte prematura de jovens leva familiares a converter a dor em combustível para ações que tentam evitar a repetição de tragédias

Quem depara com a tragédia de ter de sepultar um filho é condenado a uma dor perpétua. Sabe que padecerá de uma saudade recorrente, que o passar do tempo, ao invés de abrandar, irá ampliar. Mas há pais e mães que estão convertendo o mais temido dos lutos em ações generosas. Eles acharam forças para criar entidades, fundações e Organizações Não-governamentais (ONGs), de perfis diferenciados, para evitar que outros jovens sofram o mesmo destino dos filhos que perderam.Nesta reportagem, apresenta-se alguns exemplos de pais que resolveram agir a partir do que aconteceu aos seus rebentos. A mãe de Igor, Maria Isabel Santos, se insurge contra as festas com bebidas alcoólicas liberadas. O pai de Max, Luiz Fernando Oderich, se bate contra a criminalidade. Mãe de Alessandra e mulher do vice-governador Paulo Feijó, Lisette se preocupa com a segurança das estradas e a formação dos motoristas. Em Erechim, Marilene Rigo, mãe de Luciano, auxilia pacientes de câncer.Esses pais e essas mães encontram certo alívio às mortificações que o luto impõe. Acreditam que as entidades são como extensões dos filhos. É um jeito de manter os sonhos deles, continuar uma vida interrompida por tiros, acidentes de trânsito ou doenças. Paralelamente, trabalhar pela sociedade ajuda a conviver com a separação.A dor que se reverte em solidariedade é elogiada. O psiquiatra Jair Segal observa que as famílias não se recolheram no egoísmo do sofrimento.– Elas querem ajudar, é uma atitude generosa – enaltece.Segal diz que ONGs e fundações nascidas de infortúnios recebem aceitação cada vez maior. Argumenta que há uma identificação com as causas das entidades, porque os círculos da violência se fecham sobre o conjunto da população. Como ninguém está a salvo, a tendência é unir esforços.– Se as pessoas se envolverem nessas mobilizações, teremos uma sociedade mais saudável – destaca.Confrontados com um pesar que somente famílias igualmente órfãs podem dimensionar, os pais criadores de ONGs tentam entender a função para a qual foram empurrados. No início, como todos que são apartados de um filho, o empresário Luiz Fernando Oderich se exasperou. Perguntava-se “por que” era a vítima da vez. Buscando conforto na religião, percebeu que o “por que” deveria evoluir em “para quê” serviria a morte de Max. Então, surgiu a Brasil Sem Grades.– Enquanto ela existir, é como se o meu filho estivesse vivo – diz.Corajosos na sua doação, esses pais e essas mães fundaram ONGs para não serem devorados pela tristeza. É um dos motivos, mas não o principal. O que eles mais desejam é tentar impedir que outras famílias também sejam sentenciadas à eterna aflição de perder um filho.
*Colaborou Marielise Ferreiranilson.mariano@zerohora.com.brNILSON MARIANO*


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Guerra do trânsito

A GUERRA DO TRÂNSITO

Eng. Walter Kauffmann Neto



O homem é um ser nômade por natureza. Desde os tempos pré-históricos, sua sobrevivência esteve intimamente ligada aos movimentos migratórios de tribos inteiras pela busca de alimento e proteção. Com a evolução da civilização, foi criado o automóvel e, com ele, uma infinidade de outros veículos, que só puderam ser utilizados com a construção de uma estrutura giantesca de vias, estradas, ruas, regras e acessórios. Este conjunto é responsável pelo transporte de uma massa de pessoas, animais e mercadorias, que, diariamente, desloca-se para diversos pontos do planeta. A gigantesca movimentação de bens e seres humanos forma o que genericamente denominamos de Trânsito.


Os setores relacionados ao Trânsito compõem-se na maior força econômica do planeta em termos de geração de valores econômicos e empregos. Porém, a despeito de sua grande importância, é no Trânsito que ocorre o maior número de mortes, superando, inclusive, a maioria das guerras conhecidas. O Acidente de Trânsito é o grande vilão, não só de óbitos, mas também de ferimentos graves, inclusive com seqüelas, e horas de trabalho perdidas. Embora nem sempre se perceba, é um problema altamente relevante de saúde pública, devendo ser tratado como doença social que vitima 1,4 milhões de pessoas por ano no mundo, segundo o Transportation Research Board (1990), ficando apenas um pouco atrás de doenças do coração (1,5 milhões) e do câncer (1,8 milhões) como causa mortis. E, como agravante do prejuízo social e econômico que causa, concentra seus óbitos, ao contrário da outras doenças, na camada mais jovem da população.


Para compreender o evento Acidente é fundamental a análise de como funciona o fenômeno Trânsito. Três elementos interagem, inseridos em um Contexto Sócio-Comportamental que forma o Trânsito: O Homem, a Via e o Veículo. O Acidente é conseqüência de falha de um ou mais componentes do Trinômio. O diagrama abaixo mostra a participação de cada item na triologia do Acidente, destacando-se a ênfase do fator humano no evento. Observa-se que o Contexto Sócio-Comportamental está sempre presente.

Apesar da alta relevância do fator humano no Acidente de Trânsito, o evento é mais complexo do que divulgado exaustivamente pela mídia nacional. Há uma tendência de focar somente o aspecto do comportamento individual do motorista nos sinistros, esquecendo-se dos papéis de vitais da iniciativa privada, da sociedade e, principalmente, do Poder Público.

Uma vez que os Acidentes ocorrem pela falha de pelo menos um dos componentes do Trinômio dentro do Contexto Sócio-Comportamental, é necessário conhecê-los profundamente para que se possam determinar as ações necessárias para minimizar estes tipos de ocorrências.

O VEÍCULO

A Engenharia Moderna produz um grande número de veículos de transporte. Seu maior expoente é o Automóvel, o qual divide espaço com camionetes, caminhões, ônibus, motocicletas, tratores, escavadeiras, trens, entre outros meios.

O veículo pode ser considerado adequado quando está mecanicamente apto a trafegar na velocidade permitida e realizar desvios necessários, inclusive frenagens e manobras evasivas, em situações de perigo. O Automóvel é um sistema mecânico complexo, que tem como objetivo a satisfação das necessidades de mobilidade, conforto e segurança dos usuários. É construído segundo normas, regulamentos e legislação.

A responsabilidade de sua adequação e segurança recai em vários segmentos da sociedade, destacando-se:

INICIATIVA PRIVADA: Os fabricantes de veículos tem responsabilidade direta no produto final de seu setor. Espera-se que sejam utilizadas as modernas técnicas de Engenharia para a construção de automóveis cada vez mais seguros. A incorporação de inovações como Air Bags, Cintos de Segurança Pré-tensionados, Freios ABS, Barras de Segurança, Carroceria de Deformação Progressiva, entre outros, colabora com a evolução da segurança e confiabilidade dos veículos. Porém, a responsabilidade do Setor é ainda mais ampla. Os produtos devem passar por testes constantes, tanto para aperfeiçoamento como para confirmação da confiabilidade de cada item. O treinamento da rede de manutenção também é fundamental para que a frota veicular seja mantida em condições, sem oferecer risco ao usuário.

USUÁRIO: O usuário do veículo automotivo tem a responsabilidade de conhecer profundamente o bem que utiliza e os recursos tecnológicos que ele oferece. Além disto, deve seguir corretamente as instruções de manutenção e a legislação vigente, para que seu automóvel ofereça condições máximas de segurança e trafegabilidade. Ainda, como membro da sociedade, deve exigir os seus direitos, cobrando responsabilidade da iniciativa privada e do Poder Público no que diz respeito às regras para a construção e manutenção de veículos e vias de tráfego. Pode formar grupos, ONGs ou outras iniciativas coletivas para fazer valer seus direitos.

PODER PÚBLICO: O Poder Público, dentre outras funções, deve exercer sua função legisladora e fiscalizadora. Deve obrigar, por exemplo, a indústria a cumprir com responsabilidade a produção de veículos seguros. Também deve promover iniciativas que visem à conservação da frota veicular, para que ofereça segurança à população. Este papel não deve ser passivo e centrado somente na legislação e fiscalização punitivas; pelo contrário, medidas ativas, tais como desoneração dos impostos na fabricação dos itens de segurança veicular, permissão de depreciação acelerada de veículos, incentivos na renovação da frota, coibição de uso de veículos sem a devida manutenção, entre outras, podem e devem ser adotadas.


O SER HUMANO

O Condutor é normalmente responsabilizado pelos acidentes de trânsito, uma vez que tem participação direta no evento. É incontestável a relevância de seu comportamento, treinamento e habilidade para uma direção segura. A formação de Motoristas e Pedestres corretamente instruídos é uma tarefa conjuta da sociedade, demandando ações e comportamentos éticos dos três setores.

INICIATIVA PRIVADA: Os fabricantes de automóveis devem basear suas estratégias de vendas de modo a privilegiar a direção segura e a responsabilidade na condução dos veículos. Quando a mídia de vendas associa o produto à alta velocidade e às infrações de trânsito, colabora para criar uma consciência coletiva deturpada em relação à direção defensiva. A imprensa e a mídia, pelo contrário do que acontece hoje, deveriam colaborar para a formação do caráter social do condutor. A eficácia de ações educativas de conscientização, como, por exemplo, a de um rápido comercial sobre direção defensiva, é completamente anulada com a apresentação de um longo filme cujo tema centra-se na exaltação “heróica” à violência no Trânsito.


USUÁRIO: Cabe a cada cidadão, motorizado ou não, assumir uma posição ativa, participando de treinamentos, debates e discussões e fazendo valer seus direitos e exigências para um Trânsito mais seguro. Como já mencionado, o indivíduo tem, isoladamente, alto percentual de participação no evento acidente; todavia, mostra muito pouca influência no comportamento global. Assim, mesmo sendo, na maioria das vezes, culpado pelo sinistro, é uma vítima do Contexto Sócio-Comportamental em que está inserido, o que não o exime, contudo, de suas responsabilidades.


PODER PÚBLICO: O Poder Público tem a responsabilidade de Legislar e Normatizar o comportamento individual e coletivo no trânsito. Não obstante, dá muito pouca atenção a esta incumbência, concentrando-se basicamente em promover Leis direcionadas a punições pecuniárias, com clara finalidade arrecadatória e não sócio-educacional. Dois flagrantes exemplos deste tipo de atuação: a proposição de cobrança de multas em valor proporcional ao do veículo e a medida de abatimento no valor das penalidades por excesso de velocidade, de modo a “facilitar” o pagamento, por parte do infrator, para evitar a inadimplência.


Além de legislar, é fundamental a participação do Poder Público na Educação, oferecendo medidas que visem a modificar a consciência social, formando cidadãos que trabalhem ativamente na busca de mais segurança e salubridade nas atividades relacionadas ao Trânsito. Motoristas e Pedestres educados e conscientes são menos sucetíveis a acidentes.


Por fim, o Estado não pode deixar de Fiscalizar e Punir. Mais do que investir em equipamentos de emissão automática de multas para garantir o pagamento da folha funcional do Departamento de Trânsito das cidades, o Estado tem o dever de coibir a prática de crimes de trânsito através de fiscalização severa e punição exemplar dos infratores. Nenhuma legislação, por mais perfeita que seja, resiste a um Judiciário ineficiente na aplicação das Leis. A impunidade e a indolência apenas servem para dividir a população em dois grupos: o dos infratores, que sabem que não vão ser punidos ou responsabilizados por suas faltas e crimes e o dos cidadãos escrupulosos, desiludidos e desesperançosos com o Poder Público.




A VIA

A Via Pública, mesmo sendo responsável direta por quase um terço dos eventos de Acidentes, é, talvez, o fator mais negligenciado. Praticamente não há, nas esferas Federal, Estadual e Municipal, uma política efetiva de desenvolvimento viário. A maioria dos planos de construção de vias parte de iniciativas isoladas. Embora alguns projetos mereçam reconhecimento, por apresentarem soluções bem construídas e interessantes, a maioria tem apenas cunho eleitoreiro, sendo desprovida de um sério planejamento de Engenharia de Trânsito. A manutenção da maior parte das estradas que compõe a malha viária brasileira foi repassada à iniciativa privada, desobrigando o Estado de sua manutenção e ampliação.

Assim, novamente analisam-se os deveres dos três setores do trinômio envolvidos no evento Trânsito:

INICIATIVA PRIVADA: Em relação à malha viária nacional, cabe à iniciativa privada um papel de alta relevância. As empresas concessionárias de rodovias devem assumir comportamentos extremamente éticos e responsáveis, promovendo a correta manutenção e modernização dos bens públicos concedidos. A sua remuneração deve ser justa, de modo a não onerar demasiadamente a circulação pública. Soma-se ainda a necessidade de um grande cuidado ambiental no desenvolvimento de suas atividades.

Como fabricantes de veículos automotores, a iniciativa privada deve também primar pela ética e responsabilidade social, incorporando tecnologias e cuidados para que seus veículos causem mínimos danos e desgastes à via pública e ao meio ambiente.

As empresas construtoras, que prestam serviços diversos em vias públicas, têm obrigações sérias na utilização de modernas técnicas de Engenharia de Construção e Trânsito, com a finalidade de oferecer vias cada vez mais modernas, construídas dentro de padrões internacionais de conforto e segurança. É sua a responsabilidade do cumprimento integral dos contratos com o Poder Público, evitando as armadilhas viárias que vitimam milhares de pessoas.

USUÁRIO: O Usuário da via pública deve respeitá-la, mantendo suas condições para que permaneça segura. Deve conhecer as condições da estrada, utilizando-a de maneira compatível com seu estado de conservação e de acordo com as normas estabelecidas para cada trecho, sempre considerando as condições climáticas do trajeto percorrido. Ë imprescindível que motoristas e pedestres partilhem a malha viária de maneira civilizada, como ditam os preceitos da direção defensiva.

PODER PÚBLICO: O Poder Público deve exercer ativamente sua função de mantenedor e desenvolvedor do projeto viário nacional. É fundamental a criação de um plano de transportes global no país, que sirva para analisar, criar e uniformizar as ações de promoção de segurança no Trânsito. Salienta-se que muitas grandes cidades nem mesmo têm um Departamento de Engenharia de Trânsito, deixando a função a cargo de Secretarias ocupadas por profissionais de outras áreas, que assumem o lugar por indicação política. É por este motivo que, muitas vezes, permite-se a construção de grandes obras viárias, com vasta quantidade de vícios e defeitos, formando verdadeiras armadilhas mortais para os usuários. A exemplo, mencionam-se, entre outros, a colocação de postes de iluminação e telefonia em áreas de escape de vias rápidas, arborização de canteiros centrais de avenidas, cruzamentos de vias rápidas não sinalizados, falhas nas sinalizações,.

Comenta-se também a omissão do Estado na fiscalização dos contratos de concessão e construção de vias públicas, permitindo que as obras sejam entregues aos usuários com inúmeras falhas de construção e Engenharia.

É fundamental, para que se encerre este verdadeiro genocídio, que a sociedade compreenda e adote, em diversas áreas e diferentes níveis, um conjunto global de medidas efetivas para a diminuição gradativa e constante da violência no Trânsito.

O Estado deve assumir seu papel ativo na alteração do Contexto Sócio-Comportamental, não restringindo apenas suas ações a operações de fiscalização de excesso de velocidade em feriadões e proibição da venda de bebidas alcoólicas pela porta da frente em estabelecimentos comerciais localizados às margens de rodovias. Há de ser realizada uma ampla e complexa discussão nacional para a revisão do Código Nacional de Trânsito, com destaque às opiniões de especialistas no assunto, com comprovado conhecimento nas matérias tratadas.

Reconhecendo e corrigindo falhas e omissões, o Poder Público pode transformar gradativamente as vias de tráfego em caminhos seguros. Fiscalizando e punindo, evitará atividades ilegais e inadequadas da iniciativa privada e dos condutores, incentivando comportamentos socialmente responsáveis no Trânsito.

Somente uma atitude firme, efetiva e comprometida, envolvendo Poder Público, sociedade e iniciativa privada, pode diminuir drasticamente a violência no Trânsito. Por incrível que pareça, é plenamente viável.











quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Vende-se tudo


VENDE-SE TUDO.
No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:_ Que coisa triste ter que vender tudo que se tem._Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa. Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante. Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas. Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu, mais sem alma .No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo. Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar.Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida. Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile . Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio.Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde. Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza.
Martha Medeiros