Translate

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Trânsito na contramão

Trânsito na contramão
A morte de um jovem por atropelamento ao atravessar a BR-280 em Araquari motivou manifestação de protesto de moradores, que fecharam a rodovia com uma barreira de pneus em chamas na noite de domingo.
Este tipo de manifestação, que interfere na liberdade de ir e vir dos cidadãos, direito explicitamente garantido e tutelado pela Constituição, e também causa prejuízos à economia, além de motivar potenciais danos ao patrimônio público, não deve ser apoiado. Entretanto, no caso em questão, compreende-se a sua motivação.
O bloqueio da estrada expressou o grau de revolta de uma comunidade que tem sido vítima frequente de acidentes de trânsito registrados no trecho daquela movimentada rodovia que corta o município, com um assustador saldo de mortos e feridos.
O cenário não difere do que ocorre em praticamente todo o território estadual quando se trata da violência crescente do trânsito catarinense, que no recente final de semana acrescentou mais 11 mortos, quase todos na faixa etária entre os 16 e os 26 anos.
Lamentável, mas também revoltante, eis que as principais causas desses registros fatais – mais de 94% dos casos – são a irresponsabilidade e a imprudência dos próprios condutores de veículos, e não quaisquer fatores externos, como má conservação das estradas, sinalização deficiente e mesmo falhas mecânicas, segundo as estatísticas.
Excesso de velocidade, ultrapassagens de risco, desprezo à legislação e às mais elementares regras de conduta civilizada no trânsito dão o ritmo do massacre de ação continuada que se desenrola, como um pesadelo, nas estradas e nas vias urbanas de Santa Catarina, garantindo-lhe o segundo lugar no ranking nacional de letalidade do setor, considerando-se a relação entre o número de habitantes e o tamanho da frota de veículos em circulação.Registre-se, também, que aumenta, dia após dia, o número de acidentes envolvendo motos.
E isso não apenas em Santa Catarina, onde elas enxameiam e protagonizam cenas de irresponsabilidade e de ignorância explícitas tanto nas cidades quanto nas estradas, mas em todo o país, onde morrem 19 pessoas por dia em decorrência de acidentes causados por esses veículos sobre duas rodas.
Está na hora de aumentar a fiscalização nas estradas e vias urbanas para deter e punir com severidade os infratores irresponsáveis, acabando com a impunidade, que rola solta. No Estado, o trânsito continua na contramão da vida. E há que agir rápido, antes que manifestações como a registrada em Araquari, no domingo, se tornem rotineiras.
fONTE: Editorial do Diário Catarinense, 01/09/09

3 comentários:

Fernanda Guerra disse...

Locais onde tem muitas casas precisa ter segurança, passarela, pardais porque como vão atravessar, tem casos que é impossível.

Túlio Ramos disse...

Claro que tem de protestar é uma vida, como os moradores vão se deslocar?

Jurandir Santos disse...

Nosso trânsito é caótico.