Psicóloga diz que motoristas buscam superar limites com o carro.Congresso em Belo Horizonte discute alternativas para o caos nas ruas.
Cíntia Paes Do Globominas.com, em Belo Horizonte, especial para o G1
Trânsito e estresse são temas correlacionados atualmente. E é uma relação cíclica, sem causa e efeito delimitados. Um ajuda a alimentar o outro.
Foto: Marcelo Mora/G1
Trânsito intenso na 'hora do rush' em São Paulo (Foto: Marcelo Mora/G1)
Segundo a especialista, é possível identificar dois tipos de estresse: o físico e o psicológico. O físico é a exaustão do organismo por alguma atividade, seja um excesso na malhação. Já o psicológico é o “esforço do corpo humano para enfrentar situações conflitantes”. E é exatamente esse último tipo de estresse que preocupa estudiosos do trânsito.
De acordo com Raquel, um sintoma verificado em humanos, principalmente em homens, é a busca por sensações. Essa busca pode ultrapassar os limites do bom senso, sendo que a pessoa se sente desafiada a tentar, cada vez mais, ser mais imprudente. A recompensa da experiência quase única é uma das causas para que essa busca seja alimentada.
No trânsito, é possível identificar, segundo a doutora, o desafio em relação à velocidade. Normalmente, as pessoas com esse sintoma não conseguem seguir uma rotina e se tornam inquietas. Nesse momento, elas buscam uma situação de risco. Dentre as mais comuns está o consumo de álcool e drogas antes de dirigir.
Trânsito intenso no Corredor Norte Sul em São Paulo (Foto: Roney Domingos/G1)
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'Car surfing'
Exibicionismos também são freqüentes em pessoas que passam por algum tipo de stress e buscam sensações. Atualmente, uma prática entre jovens tem sido o "car surfing", que é quando um passageiro de um veículo se projeta para fora do carro em movimento, colocando sua vida e a de outros em risco. Em algumas situações, o próprio motorista sai do veículo em movimento e o deixa trafegar sem ninguém na direção.
Mas a relação do estresse com o trânsito é muito orgânica. Atualmente, não é possível, segundo Raquel, dizer se o motorista stressado causa o caos no trânsito ou se o condutor fica stressado por causa do caos no trânsito. As duas coisas acontecem simultaneamente e se realimentam. O motorista chega stressado no trânsito, que o deixa mais ansioso e irritado, e assim cria-se um ciclo.
O trânsito contribui para o aumento do estresse. O motorista não tem opção. Não tem como fugir"
"Nos congestionamentos, o trânsito contribui para o aumento do estresse. O motorista não tem opção. Não tem como fugir do trânsito. Então, o que ele pode fazer é se adaptar à situação. Se um trajeto ele levava meia hora para cumprir, e hoje ele gasta uma hora, é preciso que ele saia então uma hora antes do compromisso. Isso pode evitar uma situação de stress. Ou buscar uma rota alternativa", explicou Raquel Amlqvist, doutora em psicologia de trânsito.
Sem apresentar dados, a doutora disse que estatísticas estudadas pela Abramet dão conta que o homem é, geralmente, mais afetado pelo stress e demonstra mais sinais desse desequilíbrio, como agressividade, falta de atenção, ansiedade, também no trânsito.
Ela ainda acredita que não é a falta de infra-estrutura de ruas e rodovias a única causa para o aumento de acidentes. Pelo perfil dos envolvidos em acidentes ser, em sua maioria, masculino, o fator stress está intimamente ligado à violência no trânsito.
Para aliviar o estresse, a doutora recomenda atividades físicas, que são capazes de causar uma sensação de relaxamento psicológico, mesmo que o exercício exija muito do corpo.
Fonte: g1, O Portal de Notícias da Globo 04/09/09 - 15h54 - Atualizado em 04/09/09 - 16h26
Um comentário:
O trânsito foi criado pelo próprio homem! Ele é o culpado desta loucura, então ele que busque a fórmula para a recuperação do caos que ele fez.
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