COMPORTAMENTO NO TRÂNSITO III

COMPORTAMENTO NO TRÂNSITO
“Em Porto Alegre, o motorista é pouco solidário”
Ele olha para frente, para o umbigo, mas não olha para a sua volta. Você sai de uma garagem em São Paulo, pede licença com o olhar, fazendo um sinal com a cabeça, e ele cede. Em Porto Alegre, o motorista desvia o olhar, acelera e diz: na minha frente não, tchê!. O motorista aí, quando olha em volta, é porque quer briga. Os taxistas fazem sinais obscenos, recl

amam, buzinam, aceleram... tudo isso com passageiros no carro. Isso acontecia em São Paulo, mas na década de 70.

Nas grandes artérias, que são avenidas de três, quatro, cinco pistas, em São Paulo, você dá o sinal, começa a negociar com os motoristas com o olhar e consegue mudar de pista. Nas ruas de Porto Alegre tu só consegue fazer retorno num descuido de outro motorista. Ande 45 minutos no trânsito da cidade que você vai ver tudo isso que estou falando.

Tenho liberdade para falar isso porque me sinto meio gaúcho: morei na cidade, tenho amigos e viajo várias vezes para Porto Alegre. Quando o gaúcho apeia do seu pingo de lata tem pouco lugar no Brasil tão hospitaleiro.

Talvez essa raiz de vocês, do cara andar pelos campos montado a cavalo guerreando, preocupado em levar um tiro de um castelhano, tenha colaborado para isso. O porto-alegrense anda de carro como se estivesse no meio de uma guerra.

Engenheiro agrônomo e consultor em planejamento estratégico, Lister Parreira Duarte, 47 anos, morou em Porto Alegre e viaja para Capital desde 1978. Fora do Brasil, dirigiu, entre outras cidades, em Paris, São Francisco, Chicago, Santiago, Buenos Aires.LISTER PARREIRA DUARTE Engenheiro paulista que morou em Porto Alegre
As impressões
SOBRE O TRÂNSITO
Em levantamento qualitativo, pesquisadores coletaram as opiniões de motoristas sobre o trânsito e as justificativas para infrações:
“Muitas pessoas (estão) sem capacidade de dirigir. Sem condição nenhuma. Não estão preparados, principalmente para o trânsito de hoje”
SOBRE AS FAIXAS DE SEGURANÇA
“O pedestre não respeita: o sinal está aberto para você passar, e ele vem vindo. Quando ele vê que você está chegando perto, ele pega e vai. Não espera um pouquinho.”
“Nós, motoristas, também somos culpados, porque a velocidade permitida é 60 km/h. E quem anda a 60 km/h?”
SOBRE OS AGENTES DE FISCALIZAÇÃO
“Deveriam ser mais ativos. Eu só vejo atividade da EPTC quando acontece um acidente ou quando querem multar. Eu não consigo vê-los de outra forma.”

Fonte: Zero Hora, 02/09/09