Uma via-sacra para atravessar a Nilo

TRÂNSITO NO LIMITE
Uma via-sacra para atravessar a Nilo
Criada para desafogar o fluxo, rótula se transformou em obstáculo em uma das principais rotas da Capital
Criada com o objetivo de facilitar o trânsito, a rótula da Avenida Nilo Peçanha, em Porto Alegre, é responsável por um de seus principais nós.

Para superar um trecho de apenas 500 metros, o que seria possível em 30 segundos em condições ideais, os condutores ficam praticamente parados durante 10 minutos no gargalo viário.

A busca por uma solução se arrasta a uma velocidade equivalente: há três anos é esperada a eliminação da rotatória.Odrama por que passam diariamente os condutores foi experimentado ontem por ZH.

Em um automóvel, a reportagem ficou presa nas imediações da rótula das 18h14min às 18h24min. Logo depois do cruzamento com a Terceira Perimetral, no sentido bairro-Centro, o fluxo de veículos para.

A partir daí, a aproximação ao encontro com as vias Carazinho e Carlos Trein Filho é feita aos solavancos: os motoristas mal arrancam e são forçados a parar novamente.

Ontem, o carro de ZH teve de frear 13 vezes enquanto a lenta procissão de condutores passava pelo círculo de asfalto transformado em obstáculo.

Além disso, a dificuldade de circulação estimula motoristas a descumprirem regras de trânsito, e pedestres a se arriscarem em travessias inseguras.

Uma das irregularidades mais comuns adotadas é a utilização da faixa mais à direita – que deveria ser empregada somente para conversão à Rua Carlos Trein Filho – para seguir em frente rumo à Avenida Nilópolis.

O problema é que, junto à rótula, os automóveis acabam forçando a passagem para a faixa da esquerda a fim de se manter no percurso.

O resultado é ainda mais lentidão e risco de acidentes.Ontem, o motorista de um Gol freou centímetros antes de bater em um Audi que cortou sua frente sobre uma área de tachões, onde é proibido passar.

A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) planeja a eliminação da rotatória desde 2006, que seria substituída por sinaleiras.– Sou obrigada a enfrentar esse pesadelo duas vezes por dia, para deixar meu neto na escola – lamenta a aposentada Ana Maria Loureiro, 62 anos.Como usuária frequente do nó viário, ela já testemunhou acidentes e até assaltos aos motoristas embretados pela lentidão.A dificuldade de circulação no local não afeta apenas quem anda sobre rodas.

A pedestre Adelina Vasconcellos, 56 anos, levou quase cinco minutos esperando para atravessar de um lado a outro da Nilo.– Tem uma sinaleira, mas fica longe da parada de ônibus – conta a usuária.Vencida a travessia da avenida, Adelina se dedicou a enfrentar outro martírio: passar quase duas horas dentro de um ônibus ao longo da Assis Brasil até chegar em casa, no bairro Sarandi.Por meio da assessoria de imprensa, confirma que o projeto está pronto e deverá ser encaminhado para licitação em breve, a um custo de R$ 793 mil.

Porém, não foram informados prazos definidos para a abertura da licitação e a conclusão das obras.

marcelo.gonzatto@zerohora.com.brMARCELO GONZATTO
Os nós da via
POR QUE A RÓTULA EMPERRA
O número de automóveis supera a capacidade da rotatória
O tempo de espera para ingressar na rótula leva à formação de longas filas de automóveis
O risco de acidentes, frequentes no local, contribui para a redução na velocidade
Contraponto
O que diz a EPTC
Informa que está pronto, aprovado e encaminhado para a Smov um projeto que substitui a rótula por conjuntos de sinaleiras, inclui o alargamento da Carlos Trein Filho em uma faixa nas proximidades e a readequação de canteiros.
O que diz a Smov
ZERO HORA.com
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Fonte: Jornal Zero Hora