Colisões com caminhões matam três policiais militares e três professoras em rodovias do Estado
Um animal silvestre teria sido o início de uma sucessão de acontecimentos que culminou na morte de dois oficiais e de um soldado da Brigada Militar (BM) às 6h5min de ontem, no km 270,2 da rodovia Santa Maria-Pelotas (BR-392), em Caçapava do Sul, quando se dirigiam à Capital para participar de uma homenagem.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) encontrou o corpo de um veado nas proximidades e acredita que o Corsa dos militares o tenha atropelado, antes de se desgovernar e bater de frente em uma carreta bi-trem da Scânia.Morreram o comandante do 2º Regimento de Polícia Montada (RPMon) de Santana do Livramento, tenente-coronel João Zazycki Filho, 49 anos, o tenente-coronel da reserva João Francisco da Cunha Franco, 49 anos, e o soldado-motorista Julio Adolfo da Silva, 41 anos.
Segundo o motorista da carreta, Leopoldo Riemer, após o suposto choque, o automóvel percorreu cerca de 500 metros em ziguezague e invadiu a pista contrária de encontro ao caminhão.Os tenentes-coronéis Zazycki e Franco, que fizeram parte de uma missão em El Salvador, em 1993, participariam das comemorações do Dia Internacional dos Boinas Azuis, nome dado aos militares que integram as Forças de Paz das Nações Unidas (ONU). O evento foi cancelado em função da tragédia.
O comandante-geral da BM, coronel João Carlos Trindade Lopes, divulgou nota lamentando as mortes.– Os dois oficiais foram da minha época de academia, convivi com eles. Ambos tiveram carreira brilhante e eram líderes de suas comunidades.
O soldado-motorista Júlio Adolfo da Silva, eu conhecia menos, mas não deixo de lamentar sua morte – comentou o coronel.Nascido em Lavras do Sul, Franco ingressou na BM em 1979. Em 2005, deixou a vida militar para se dedicar à política. Elegeu-se vereador e chegou a presidente da Câmara de Vereadores. Ano passado, concorreu a vice-prefeito pelo PMDB. Era casado e tinha dois filhos.– Foi um excelente oficial e comandante.
Ficará a lembrança de um colega inesquecível – lamentou o comandante do pelotão de Caçapava do Sul, Paulo Ronaldo Molina.Silva, casado e com dois filhos, nasceu em Dom Pedrito e entrou na BM em 1991. Foi selecionado como motorista do comandante do 2º RPMon de Livramento por suas qualidades ao volante.Zazycki, natural de Cerro Largo, ingressou na BM em 1979, aos 20 anos. No período em que esteve na Missão de Paz em El Salvador, conheceu a mulher, Carol, que veio com ele para o Brasil. Assumiu o comando do 2º RPMon, em Livramento, em 2005. Pai de cinco filhos, era reconhecido como um líder por excelência.
– Amigo, aberto ao diálogo, dava conselhos aos seus subordinados.
Tinha estrelas no ombro e Deus no coração – elogiou o ex-colega, sargento Paulo Renato Gonçalves Silveira, de Santa Margarida do Sul.
Em Santana do Livramento, no Comando Regional de Policiamento Ostensivo da Fronteira Oeste (CRPO-FO), bandeiras estavam a meio mastro em homenagem a Zazycki e Silva. Os corpos serão velados no CRPO-FO e enterrados hoje.
A caminho de um encontro preparatório do Conselho Nacional da Educação (Conae), em Osório, no Litoral Norte, três professoras de escolas municipais de Tavares morreram quando o micro-ônibus em que viajavam colidiu na traseira de um Mercedes-Benz carregado com 12 toneladas de cimento, estacionado entre o acostamento e a pista no km 32 da rodovia Tavares-Capivari do Sul (RST-101), às 7h40min de ontem.
O motorista do caminhão alega que não teve tempo de sinalizar a pista quando parou para verificar um pneu.Município de 5,1 mil habitantes, Tavares chora sua maior tragédia desde que se emancipou, há 27 anos.
O acidente vitimou Izabel Cristina Lemos Menegaro, 39 anos, Rita de Cassia Araujo Lemos, 38 anos, e Alba Maria Alves Teixeira Cassola, 47 anos.
Outras cinco pessoas sofreram ferimentos. O prefeito Flávio José de Souza decretou luto oficial por três dias.
– Eram pessoas muito conhecidas. Estamos chocados – disse Souza, que acompanhou a retirada dos veículos e a remoção dos corpos.Mais do que educadoras, as professoras eram guerreiras contra as drogas, como define Andréa Barbosa, 39 anos, amiga de Izabel. Nos últimos meses, ela comemorava a pós-graduação, concluída ao lado de Andréa.
– Ela estava entusiasmada com a viagem a Osório – lembra a colega.No canteiro central da Avenida 11 de Abril, o acidente era assunto dominante entre os moradores. Laura Machado, proprietária do Minimercado Tavares, estranhou o movimento diferente assim que despertou. O estabelecimento fica ao lado da casa de Izabel.
– É difícil, é muito chocante – descreve Laura.Na escola Piazito, onde a professora Alba trabalhava com crianças de dois a cinco anos, portas fechadas e um cartaz: “Hoje, não haverá aula na escola Piazito”.
– Vai ser muito difícil recomeçar na segunda-feira – lamenta Andréa.De acordo com o Grupo Rodoviário de Capivari do Sul, o motorista do micro-ônibus não apresentou habilitação para transportar passageiros e o veículo, da prefeitura, não poderia circular porque estava sem tacógrafo (equipamento que grava a velocidade e os horários dos deslocamentos).O caminhoneiro Jorge Gomes Nascente, 51 anos, estacionou o Mercedes-Benz, modelo 1113, minutos após um dos pneus estourar.
Os 60 centímetros de acostamento foram insuficientes para acomodar o caminhão truque, que ficou com parte dos 2,2 metros da carroceria na pista. Sem perceber o veículo parado, o micro-ônibus com os professores de Tavares colidiu na traseira do caminhão.
– Não vi o caminhão porque não tinha sinalização na pista. Acho que o sol acabou prejudicando a minha visão – contou Airton Brum, 50 anos, que conduzia o micro-ônibus.
Segundo Nascente, o acidente ocorreu antes que medidas de segurança fossem tomadas.
– Eu desci para olhar o pneu (traseiro do lado direito) e para sinalizar a pista, mas não deu tempo. Só ouvi o estrondo. Por pouco não fui atropelado – afirmou Nascente, que havia saído às 3h20min de Pantano Grande com destino à localidade de Passinhos, em Osório.
Fonte: Jornal Zero Hora, 30/05/09
4 comentários:
Estradas perigosas, precisam de mais atenção!!!!!!!!!!!!
Falta sinalização naquele trecho e proteção para animais.
ta tudo errado temos de encontrar maneiras de melhorar nossas estradas, independência.
Mesmo assim não fazem muito, só barulho......
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