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sábado, 18 de abril de 2009

Fala papai..., mamãe não deixa!, por Romério Gaspar Schrammel*

Fala papai..., mamãe não deixa!, por Romério Gaspar Schrammel*

Os pais vivem tempos difíceis. Eles já não falam, não reagem, não cumprem seu papel. Papai trabalha. Sua ausência atrapalha. Temos assistido a muita violência social.
A escola passou a ser o local de desfecho dessa realidade.
Nada mais normal, pois a escola é o espaço físico onde se concentram todos os problemas sociais. É também o espaço onde mais sentimos a ausência do pai e a presença de todos os personagens sociais de todas as classes, instruídos ou não.
Os que cumprem a tarefa de pais educadores e os que procuram por um fiador.O pai, quando está, é presença física, calado, consente.
O pai ouve, olha submisso – parece. Sabemos das conquistas das mulheres, mas isso não justifica o homem ausentar-se das suas responsabilidades de pai.A morte de Tobias Lee Manfred Hahn deve chocar as famílias.
O psiquiatra Luiz Ziegelmann, professor do Departamento de Saúde Coletiva da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) e membro do Grupo Hospitalar Conceição, afirma, na ZH do dia 14 de abril de 2009, página 4, que o uso de drogas por parte dos jovens de classe média e alta está ligado à própria vida moderna.
“Os pais estão cada vez mais ausentes, principalmente o pai, que normalmente é quem dá os limites ao filho. Por natureza, as mulheres tendem a ser mais acolhedoras”, diz Ziegelmann.Trabalhando em escola é possível ler a realidade, ler a sociedade.
Como diz Rubem Alves, “as palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos”.
Para muitos, as palavras não têm sentido, logo não conseguem ver, não conseguem entender o que está dito nas entrelinhas em nossa sociedade.O que está acontecendo com o homem? Nas reuniões de turma, os pais estão praticamente ausentes.
Nas conversas individuais com pais, partindo do princípio de que deveriam comparecer os dois, na grande maioria vem só a mãe.
Quando o pai acompanha a mãe, literalmente acompanha, sai sem sabermos o que ele pensa e qual atitude vai tomar.
Quando o pai vem sozinho, exigindo uma solução, foi mandado pela esposa.
O que está acontecendo com o homem? Não sei a resposta, mas sabemos a consequência social. Tobias Hahn é, dentre muitos outros, um exemplo.Por outro lado, quando o pai acompanha a vida escolar do(a) filho(a), busca e traz, é sinônimo de paz.
Pai não tem tempo para fazer reunião em frente da escola. O pai é prático, como diz Ziegelmann, determina limites. O(a) filho(a) sabe por onde andar.É importante ter claro que todos – homens e mulheres – precisamos de modelos masculinos para crescer emocionalmente equilibrados e que as ligações de emoção e afeto entre pai e filho(a) não são resultados das ligações biológicas, mas são formadas nas relações de afeto e cuidado no dia a dia.
Por isto, sempre que possível, o pai deve estar presente na vida de seus filhos, participando de atividades cotidianas, fortalecendo assim uma ligação que, queiramos ou não, é para sempre.Para ser mais feliz, é necessário que o pai perceba que também tem direito à sensibilidade e ao afeto, a medos e a alegrias.
E, quando ele aprender a valorizar isto na sua própria vida, conseguirá valorizar isto na vida das pessoas que ama, inclusive na dos(as) filhos(as), sendo não só presença, mas um presente de afeto.
*PROFESSOR, DIRETOR DE ESCOLA/UNIDADE DOHMS DE ENSINO

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