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terça-feira, 25 de agosto de 2009

BR-116:Órgãos de adolescente podem salvar sete vidas

BR-116
Órgãos de adolescente podem salvar sete vidas
Antes de ter a vida interrompida no Km 145 da BR-116, Edivandro Ramires Tavares imaginava ter tempo para realizar uma porção de sonhos.
Ano passado, ao posar para uma sessão em um estúdio fotográfico, não hesitou em vestir uniforme de piloto e erguer troféu de campeão.– Ele dizia que queria vencer na vida e ajudar outras pessoas a serem felizes – contou, na tarde de ontem, o irmão Edimar, 18, ainda muito chocado com a tragédia.O acidente aconteceu sábado e Edivandro teve a morte cerebral registrada às 15h de domingo, no Hospital Pompéia. O enterro está previsto para as 11h desta terça-feira, Cemitério Público Municipal.
O velório ocorre na capela mortuária da Igreja São Ciro.Edivandro é lembrado como um jovem apaixonado por esportes. Nunca dirigiu um carro de Fórmula 1, como sugere a foto, mas não perdia uma partida de futebol entre amigos. Havia cinco meses, treinava Humai Tai (técnicas de defesa das artes orientais) em duas academias.
Para setembro, planejava iniciar também aulas de boxe.– Era um aluno muito dedicado. Dormiu na minha casa várias vezes para poder treinar.
Ainda não consigo acreditar que ele morreu – comentou o professor de Humai Tai Paulo Motta.Na escola, Edivandro não era um estudante exemplar em termos de notas, mas em atitudes era admirado por colegas e professores.
Pelo terceiro ano, estava cursando a 6ª série do ensino fundamental da Escola Municipal Bento Gonçalves da Silva, no bairro Jardim das Hortênsias.– Desde a adolescência ele deixou os estudos um pouco de lado, mas nas atividades de integração e de educação física era sempre o primeiro a se dispor a ajudar – lembrou a diretora da escola e ex-professora dele, Beatriz Dal’Agnol.Como o maior interesse de Edivandro era por esportes, nos últimos tempos professores haviam iniciado um trabalho de recuperação mesclando conteúdos e aulas de educação física.
Devido à tragédia, agora a direção planeja realizar uma homenagem ao ex-aluno nas dependências da escola, com data ainda não definida.Edivandro era o terceiro dos quatro filhos da auxiliar de cozinha Roseli Ramires Tavares, 48, e do metalúrgico Pedro Rodrigues Tavares, 47. Na casa de alvenaria construída há 15 anos no Jardim das Hortênsias, quando a família se mudou de Ampére (PR), Edivandro vivia com os pais e os irmãos Eliane, 21, Edimar e Edemilson, nove.
Nos últimos tempos, determinado a se tornar um profissional que ajudasse aos outros, anunciou à família que queria ser policial militar.– Era um guri do bem, alegre, sempre pensando nos outros – ressaltou o primo Gilmar Tavares da Silva, 28.Na noite de sábado, Edivandro seguia para um programa rotineiro com os amigos e primos.
Eles caminhavam para uma lanchonete no bairro São Ciro, quando o acidente interrompeu o programa. O atropelamento aconteceu cerca de meia hora depois de Edivandro ser saído de casa, por volta das 21h.– Só me lembro do estrondo.
Quando vi, ele estava caído do meu lado. Para mim, que me criei com ele, é um baque. É uma mistura de dor e revolta que não tem explicação – comentou o primo Luiz Fernando da Silva Barbon, 28.Edivandro morreu sem ter tempo de se tornar piloto, jogador, lutador nem PM.
Mas o desejo de fazer outras pessoas felizes, de alguma forma, acabou realizado. A família autorizou a doação de órgãos, que foram retirados às 13h30min de ontem. Foram aproveitados pulmões, rins, córneas e fígado.
Da morte de Edivandro podem renascer sete vidas.– Ele tinha uma vida inteira pela frente. Já que acabaram com ela, dentro da pior das situações, decidimos ajudar quem ainda vive– disse o pai, aos prantos, ontem.A decisão da família de doar os órgãos ocorreu depois que a mãe, Roseli, lembrou que Edivandro havia manifestado esse desejo.– Ele era um ótimo garoto – definiu a irmã Eliane.nadia.detoni@pioneiro.com
Fonte: Jornal Pioneiro:25/08

3 comentários:

Lisette Feijó disse...

O governo deveria seguir o exmplo e doar serviço para a população ajudar a salvar vidas é o mínimo, colocar pessoas responsáveis por uma infraestrutura em nossas estradas e dar melhores condições a motoristas e pedestres.

Maria Inês Mascarenhas disse...

Um anjo salvando vidas....

Otávio Soares disse...

Nós temos que salvar vidas!!