Translate

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Programa "Pare na faixa" : Percepções e representações


As ruas e as vias públicas são espaços destinados à circulação, movimentação e deslocamentos de pessoas, veículos e animais. A ocupação desses espaços sempre se deu de modo desigual entre os seus usuários. Tradicionalmente, o trânsito é organizado em função dos automóveis. O pedestre, nesse aspecto, é sempre relegado a planos inferiores. As políticas públicas de trânsito raramente contemplam agentes mais vulneráveis como pedestres e ciclistas. O corre-corre diário das pessoas e veículos nas ruas das cidades é grande. O trânsito é violento e mata, principalmente, pedestre.
Dentre os programas de segurança no trânsito que contemplam pedestres, a quase 15 anos o Governo do Distrito Federal criou , dentro do programa “Paz no Trânsito”, o “Pare na Faixa” , uma iniciativa que estabelecia prioridade dos pedestres atravessarem as pistas em locais previamente determinados e sinalizados. A faixa de pedestre é representada por uma faixa branca contínua, que é a área de redução, na frente dela, uma área zebrada com linhas verticais, também na cor branca. A primeira linha indica o ponto em que o motorista deve parar. A área zebrada corresponde ao espaço destinado ao pedestre para efetuar a travessia.
O uso da faixa de pedestre requer algumas precauções por parte de pedestre: parar, olhar, observar se vem carro e fazer o “sinal da vida”, sinalizar com a mão a intenção de atravessar a pista. Respeitados os procedimentos iniciais, o pedestre está em condições de cruzar a faixa com segurança. Desde 1966, no Código Nacional de Trânsito previa o respeito à faixa de pedestre. Todavia, o dispositivo necessitava de regulamentação com relação à segurança dos pedestres ao atravessar as ruas e avenidas. Em janeiro de 1998, entrou em vigor o Código de Trânsito Brasileiro – CTB - que prevê a prioridade de circulação do pedestre para cruzar a faixa. O art. 70 diz: “Os pedestres que estiverem atravessando a via sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica, onde deverão ser respeitadas as disposições deste código” O art. 71 complementa: “ O órgão ou entidade com circunscrição sobre a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, segurança e sinalização”. O motorista que desrespeita o artigo 70 pode ser multado e a autoridade que não cumpre o artigo 71 pode ser responsabilizada. De acordo com a legislação, o pedestre que descumprir a norma e atravessar a pista fora da faixa também pode ser penalizado.
Para as autoridades de trânsito, a faixa de pedestre foi um importante avanço no trânsito do Distrito Federal. A Polícia Militar do Distrito Federal teve participação importante, inclusive o Comandante do Batalhão de Trânsito à época foi um dos responsáveis pela iniciativa de trazer a experiência da faixa de pedestre da Europa. O batalhão de trânsito ocupou-se efetivamente de, num primeiro momento, conscientizar os motoristas e depois, fiscalizar suas condutas nas faixas. Além disso, a Polícia Militar teve uma participação importante na realização de palestras nas escolas.
Os especialistas em segurança no trânsito consideram importante o “pare na faixa” no sentido de reduzir a violência no trânsito brasiliense. Todavia, o programa destacou-se pela participação direta da sociedade brasiliense em um programa de segurança no trânsito, cuja característica principal foi a relação positiva entre motoristas e pedestres. Uma interação dificilmente observada em outras regiões que não o Distrito Federal. O programa “Pare na Faixa” foi resultado da participação conjunta do poder público, da sociedade e da mídia na luta pela paz no trânsito.
Os motoristas têm uma percepção positiva da faixa de pedestre, porém, afirmam que em geral o pedestre se aproxima de uma vez da faixa e não fazem o “sinal da vida”, o que dificulta o entendimento entre as partes envolvidas nessa relação. Para alguns motoristas, os pedestres não deixam claras as intenções de usar a faixa. Apesar das dificuldades relatadas, os motoristas são conscientes do seu papel e respeitam o pedestre no seu espaço de travessia.
Os pedestres, inicialmente, viam com desconfiança e restrição o uso da faixa de pedestre. Atravessar na faixa era seguro, porém, requeria alguns cuidados, principalmente, em relação ao segundo veículos a chegar na faixa que nem sempre parava. A relação de confiança dos pedestres em relação aos motoristas foi um processo mais demorado, levando algum tempo para se consolidar. A segurança e a confiança vieram com o tempo. As campanhas educativas, a conscientização dos motoristas e pedestres, a normatização e a fiscalização foram preponderantes para o processo de interação.
Depois de 13 anos de faixa de pedestre, o Distrito Federal criou uma geração que não conhece outra realidade. Uma geração que sabe que na faixa branca o pedestre tem prioridade. Crianças declaram que aprendem nas escolas, com os professores que os carros respeitam quem atravessa na faixa. Pais confirmam que nas escolas as crianças aprendem o que é usar a faixa e respeitar o pedestre. È uma geração que não conhece outro modo de cruzar a pista. Segundo especialistas, a cobrança que as crianças fazem aos pais para respeitarem a faixa faz a diferença por um trânsito mais seguro. Essas crianças de hoje serão os motoristas de amanhã.
Dados do Departamento de Trânsito do Distrito Federal mostram que em 1995, ano da implantação do programa “Paz no Trânsito” o número de mortes por acidentes de trânsito chegou a 35 mortes/100 mil habitantes/ano (652). Em 1997, ano da implantação do “Pare na Faixa” esse número era de 26 mortes/100 mil habitantes/ano (465), considerado alto. O número de pedestres mortos no trânsito do Distrito Federal era de 11 mortes/100 mil habitantes/ano (191). Em 2009, o número de mortes no trânsito foi de 16 mortes/100 mil habitantes/ano (424). Ocorreu uma redução de 37% no número total de mortes entre 1997 e 2009. Com relação aos pedestres, em 2009, o número de mortes caiu para 4,5 mortes/100 mil habitantes/ano (112), uma redução de 60% no índice de mortes/ano.
Portanto, o programa “Pare na Faixa” poupa aproximadamente a vida de 100 pedestres anualmente. O programa “Paz no Trânsito”, o qual abriga o “Pare na Faixa” poupa 358 vidas anualmente das mortes no trânsito. São duas iniciativas do poder público que precisam replicadas por outras instâncias do Sistema Nacional de Trânsito. Todavia, não é o que se observa em âmbito nacional que, pela ausência de políticas públicas consistentes de redução de acidentes e mortes no trânsito, observamos esses índices crescerem ilimitadamente.
Escrito por *José Nivaldino Rodrigues  
* Economista. Mestre e Doutorando em Sociologia pela Universidade de Brasília. Especialista em Educação para o Trânsito pela Universidade de Brasília. Policial Rodoviário Federal

35 comentários:

ONG ALERTA disse...

O que falat de verdade é educaçáo e respeito para moitoristas e pedestres, bosn exemplos vem de casa.

chica disse...

Concordo contigo. É das 2 partes envolvidas que falta o respeito e educação.

beijos,tudo de bom,chica

Silvia disse...

Ainda existem poucos motoristas que dão passagem ao pedestre na faixa. Alguns fazem que não enxergam os pedestres, como se as ruas fossem deles e eles, nunca saíssem dos carros.

Anônimo disse...

Oi Lisette, quarta-feira retrasada estava eu caminhando na calçada sendo do lado um posto de gasolina, uma mulher começou a buzinar atrás de mim, eu continuei ela bateu o retrovisor no meu braço. Eu acho que com a Lei as pessoas estão ficando mais agressivas, tudo que coloca NÃO as pessoas entendem como SIM. Fiquei tão chateada anotei a placa mas não tomei nenhuma providência. Por coincidência mais 2 quarteirões a frente encontrei um guarda do dsv, perguntei pra ele e e me disse que não poderia fazer nada pq precisaria estar presente para mutá-la. É fogo né. Eu ando muito a pé, e não acho que as pessoas estão melhor e consciente. Bjs Cynthia.

Clara Lúcia disse...

Oi, Lisette,

Tem muita gente que acha que é imortal e que nunca vai acontecer o pior à eles. Esse é o mal. Respeito é bom e todos poderiam muito bem colaborar.

Beijossss

Anônimo disse...

querida concordo com voce..falta educação,respeito..as vezes a gente percebe que os motoristas fazem de conta de não enxergam os pedestres..ignoram...acho inscrivel isso...as faixas muitas vezes não servem para nada ou muitas vezes são armadilhas para gente ser atropledo..
beijos mil..
boa noite
titi

M. disse...

Venham todas as medidas...Mas a base está no respeito pelo outro:)

Anônimo disse...

Lisette. Por aqui só param na faixa quando esta localiza-se em frente a uma delegacia. Beijos!

Rosemildo Sales Furtado disse...

Olá amiga! Passando para te cumprimentar e apreciar este belo texto, fruto das tuas acertadas escolhas, a fim de conduzir este tão importante trabalho. Parabéns!

Beijos e muita paz pra ti e para os teus.

Furtado.

Ilca disse...

Olá amiga querida!
Verdade, acredito que a educação e o respeito no trânsito pode ser sim a melhor solução, depende de cada um de nós, e que as obrigações sejam cumpridas por todos, esta é a minha opinião.
Quanto ao seu post anterior, também gostei muito, as estatísticas são realmente assustadoras, é preciso que os nossos governantes se sensibilizem e que providências sejam tomadas para minimizar os riscos de acidentes de trânsito e evitar tantas mortes, e que mais pessoas não venham sofrer a perda de um ente querido, como eu e você, que sentimos na alma a dor profunda e eterna da perda de nossas filhas amadas.
Excelentes postagens!
Obrigada amiga, pela visita e o carinho. Fico sempre feliz!
Beijos no coração.

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida
Estive ausente da net por mutos dias por motivo de mudança... senti saudade de vc...
Seu blog é informativo e nos dá uma pauta de como anda a violência ao nosso redor...
Bjm de paz

O SOL do amanhã... disse...

Aqui não é diferente, temos que prestar a atenção e atravessar mesmo qdo o sinal está vermelho só tendo a certeza que carros e motos pararam mesmo.
Um bjo enorme pra vc!

Everson Russo disse...

A educação no trânsito é o principio básico da segurança...beijos de bom dia pra ti amiga.

Sol disse...

cada um tem que fazer sua parte..
sempre!

bjs.sol

Luna Sanchez disse...

Concordo contigo : falta educação e também responsabilidade.

Um beijo.

Valéria disse...

Oi Lisette!
Foi uma iniciativa muito boa mesmo, a faixa de pedestres, mas como tudo tem seus problemas na prática, no caso advinda da falta de respeito de pedestres e motoristas, um com os outros e com a lei.
Beijinhos e tudo de bom!

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Olá amiga. Aqui em Brasília a faixa de pedestre funciona muitíssimo bem. Mas por só funcionar em Brasília, já quase morri atropelada em outras cidades, inclusive, no exterior, em Paris. Voltando ao Brasil, penso que tudo que se relaciona a trânsito deve ser feito de modo unificado, em todos os estados. Beijos.

Ventania da Noite disse...

Amiga Lisette,

Vim deixar o meu abraço carinhoso e desejar-lhe uma linda tarde de paz!

Um beijo carinhoso no seu coração

Deus seja contigo

Cida disse...

Gostei de saber que tem que se fazer o sinal, tipo: - Ei, eu estou aqui, e vou atravessar!
(muitas vezes a gente se esquece, e é aí que mora o perigo).

Mas é lógico que os motoristas tem que estar sempre atentos, e também fazer a sua parte (afinal, é o mínimo que se espera de quem está no trânsito).

Esse tipo de educação, tem que começar na infância, para ficar bem entranhado.

Beijão pra você, e tenha um lindo, feliz, e abençoado final de semana.

Cid@

Eloah disse...

Querida vim agradecer e retribuir tua visita no meu Blog. Já me instalei no teu.Vim, gostei e voltarei sempre.
Parabéns pelo Blog e pela missão que abraçastes.
Tenhas dias abençoados.Bjs Eloah

ValeriaC disse...

A intenção que seja seguido este programa é louvável, mas longo o caminho até todos efetivamente se adaptarem, até porque temos tanto motoristas, como pedestres indisciplinados e como para tudo na vida, o trabalho tem que ser de todos.
Beijos amiga...
Valéria

Unknown disse...

Boa noite amiga!
Vê se você está conseguindo acessar meu blog sem problemas. Pois me parece que alguns não conseguem entrar e o navegador chrome acusa vírus. Por favor tenta e me avisa. Eu entro normal e não acusa nada, não uso esse navegador, só firefox e explorer. Se estiver acusando quando vc entrar me fala!!!!
Um beijo XD

Anônimo disse...

diz...diz prá mim,
onde se escondeu...
em que lua vai voltar...
em que sonho, volte logo anjo meu.

(Markinhos Moura)

Amor & Poesia na sua noite...M@ria

lenalima disse...

Passando para lhe dar um abraço!!!andesseo

piedadevieira disse...

Falta ainda muita coisa para se respeitar. Mas já está começando a funcionar, aqui na minha cidade alguns respeitam.
beijos

Anônimo disse...

Aqui em Belém do Pará, o desrespeito à faixa de pedestres é uma constate absurdamente presente no cotidiano da cidade.

Lunna disse...

Bons exemplo geralmente vem de casa.
Educação é a palavra a ser praticada por todos.
Bom final de semana.
Abraços mágicos.
Lua.

Celina Dutra disse...

Faltam educação e respeito ao brasileiro, inclusive no trânsito, claro. Excelente fim de semana! Girassóis nos seus dias. beijos

BlueShell disse...

Muito bem. E por vezes é iso mesmo: a culpa é também dos pedestres que se aventuram na "passadeira", sem aviso, saindo de trás de veículos estacionados e n´´os,os condutores temos de travar a fundo...quando conseguimos, para evitar o acidente.

Muito bem
Bj

Toninho disse...

Lembro da campanha"Pé na faixa,pé no breque" aqui feita pelos cantores, puxado por Carlinhos Brown.É precios sempre reeducar ambos.Aqui as pessoas optam pelo risco,porque nao acreditam nas faixas.Lamentavel amiga, mas temos muito que caminhar.
Um bom fim de semana.
Meu abraço de paz e luz.[Bju

soninha disse...

Sim educação,é o que falta para muitos...

Sandra Gonçalves disse...

Com certeza se educassemos nossas crianças em realação ao transito desde pequenas, teriamos motoristas e pedestres melhores e menos irresponsaveis.
Bjos achocolatados

Maria Rodrigues disse...

Amiga passei para desejar um bom restinho de domingo e uma excelente semana.
Beijinhos
Maria

Lilá(s) disse...

A educação começa em casa sem dúvida, e sem educação e civismo nada feito...
Bjs

nivaldino disse...

Sou o autor do artigo. Continuo estudando trânsito no curso de Doutorado em Sociologia na UNB. Em breve estarei indo para Europa, possivelmente Espanha, para estudar movimentos cicloativistas e de pedestres. Será um prazer colaborar com o blog.

Nivaldino