ROTINA DE SEQUELAS
A vida depois de um acidente
No próximo feriado de 20 de Setembro, médicos ortopedistas sairão às ruas gaúchas para chamar a atenção da população para a necessidade de reduzir a violência no trânsito e suas consequências – sequelas, muitas vezes permanentes, que os acidentes causam a vítimas e suas famílias
Apenas no primeiro semestre deste ano, 107 mil brasileiros se integraram a um
crescente universo de homens, mulheres e crianças que têm suas vidas alteradas
para sempre por acidentes de trânsito.
Essa multidão de sobreviventes, que corresponde ao número de pessoas indenizadas por invalidez permanente devido à violência em ruas e estradas do país, abandona sua rotina de lazer, estudo e trabalho para se dedicar a um duro trabalho de reabilitação. Esse cenário levou a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) a programar uma campanha de alerta para este mês.
Os dados mais recentes do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) indicam que, para cada indenização paga por morte – foram 26,8 mil nos primeiros seis meses do ano –, há outras quatro referentes a lesões permanentes como paraplegia, amputação e outras sequelas. A gravidade dos ferimentos sujeita pessoas como a estudante gaúcha de Direito Mayara Soares Pereira, 24 anos, a se submeter a uma longa batalha para recuperar o que o trânsito levou.
Uma batida ocorrida na noite de 23 de outubro passado a deixou com dificuldade para falar, caminhar e mexer a mão. Ela estava na carona de um Celta dirigido por uma amiga, saindo de um bilhar da Capital, quando uma caminhonete Blazer atingiu em cheio sua porta. A condutora saiu ilesa, mas Mayara permaneceu 18 dias em coma e, atualmente, se submete a sessões de reabilitação e fonoaudiologia na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) da Capital. Além de trancar a faculdade, teve de abandonar o trabalho em um escritório.
– Quem provoca um acidente não sabe o mal que causa na vida de uma pessoa – afirma.
O exército de lesionados nas vias de todo o Estado ajuda a inflar a fila de espera de mais de 3 mil pessoas para conseguir tratamento na AACD gaúcha – que atende 700 crianças e adolescentes e mantém convênio com o SUS para receber 70 adultos com deficiências congênitas ou adquiridas de qualquer forma. Muitas das vítimas sobre rodas estão associadas ao consumo de álcool antes de dirigir, como no caso do motociclista de Sapucaia do Sul Paulo Ricardo Ayres Ferreira, 30 anos. Em fevereiro do ano passado, ele perdeu o controle da moto após ter bebido e lesionou a coluna ao bater contra um poste. Agora, faz fisioterapia dois dias por semana na esperança de voltar a andar.
– Eu sabia que podia me acidentar, mas não ficar em uma cadeira de rodas. Hoje, digo a todo mundo para não cometer o mesmo erro que eu – afirma.
A fim de reduzir as mortes e os ferimentos que o trânsito deixa para toda a vida, a Sociedade de Ortopedia e Traumatologia programou para o dia 20 no Estado (dia 18 em outras capitais) uma campanha que prevê a presença de médicos nas ruas distribuindo folhetos com dados sobre acidentes e dicas de segurança.
– Estamos muito preocupados com as estatísticas. Por isso, esse deverá ser o principal evento da sociedade de ortopedia este ano – diz o presidente da entidade no Estado, Paulo Piccoli.
Cerca de 5 mil folhetos deverão ser distribuídos nas imediações do Parcão. Com isso, os especialistas esperam evitar dramas como o de Mayara, que, além de lutar para recuperar os movimentos, batalha para reconquistar a confiança do filho Gustavo, de apenas quatro anos. Desde que a mãe voltou diferente do hospital para casa, ele não quis mais dormir nos seus braços.
– Ele ainda tem medo de ficar sozinho comigo. É muito difícil, mas sei que aos poucos ele vai se reaproximar de mim – aposta a sobrevivente.
Essa multidão de sobreviventes, que corresponde ao número de pessoas indenizadas por invalidez permanente devido à violência em ruas e estradas do país, abandona sua rotina de lazer, estudo e trabalho para se dedicar a um duro trabalho de reabilitação. Esse cenário levou a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) a programar uma campanha de alerta para este mês.
Os dados mais recentes do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) indicam que, para cada indenização paga por morte – foram 26,8 mil nos primeiros seis meses do ano –, há outras quatro referentes a lesões permanentes como paraplegia, amputação e outras sequelas. A gravidade dos ferimentos sujeita pessoas como a estudante gaúcha de Direito Mayara Soares Pereira, 24 anos, a se submeter a uma longa batalha para recuperar o que o trânsito levou.
Uma batida ocorrida na noite de 23 de outubro passado a deixou com dificuldade para falar, caminhar e mexer a mão. Ela estava na carona de um Celta dirigido por uma amiga, saindo de um bilhar da Capital, quando uma caminhonete Blazer atingiu em cheio sua porta. A condutora saiu ilesa, mas Mayara permaneceu 18 dias em coma e, atualmente, se submete a sessões de reabilitação e fonoaudiologia na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) da Capital. Além de trancar a faculdade, teve de abandonar o trabalho em um escritório.
– Quem provoca um acidente não sabe o mal que causa na vida de uma pessoa – afirma.
O exército de lesionados nas vias de todo o Estado ajuda a inflar a fila de espera de mais de 3 mil pessoas para conseguir tratamento na AACD gaúcha – que atende 700 crianças e adolescentes e mantém convênio com o SUS para receber 70 adultos com deficiências congênitas ou adquiridas de qualquer forma. Muitas das vítimas sobre rodas estão associadas ao consumo de álcool antes de dirigir, como no caso do motociclista de Sapucaia do Sul Paulo Ricardo Ayres Ferreira, 30 anos. Em fevereiro do ano passado, ele perdeu o controle da moto após ter bebido e lesionou a coluna ao bater contra um poste. Agora, faz fisioterapia dois dias por semana na esperança de voltar a andar.
– Eu sabia que podia me acidentar, mas não ficar em uma cadeira de rodas. Hoje, digo a todo mundo para não cometer o mesmo erro que eu – afirma.
A fim de reduzir as mortes e os ferimentos que o trânsito deixa para toda a vida, a Sociedade de Ortopedia e Traumatologia programou para o dia 20 no Estado (dia 18 em outras capitais) uma campanha que prevê a presença de médicos nas ruas distribuindo folhetos com dados sobre acidentes e dicas de segurança.
– Estamos muito preocupados com as estatísticas. Por isso, esse deverá ser o principal evento da sociedade de ortopedia este ano – diz o presidente da entidade no Estado, Paulo Piccoli.
Cerca de 5 mil folhetos deverão ser distribuídos nas imediações do Parcão. Com isso, os especialistas esperam evitar dramas como o de Mayara, que, além de lutar para recuperar os movimentos, batalha para reconquistar a confiança do filho Gustavo, de apenas quatro anos. Desde que a mãe voltou diferente do hospital para casa, ele não quis mais dormir nos seus braços.
– Ele ainda tem medo de ficar sozinho comigo. É muito difícil, mas sei que aos poucos ele vai se reaproximar de mim – aposta a sobrevivente.
Comerciante mantém fé nas futuras gerações
Quando abriu os olhos sobre um leito de hospital, há dois anos, o comerciante
da Capital Eduardo Silveira, 53 anos, recebeu duas notícias contrastantes. A
primeira foi “a cirurgia foi um sucesso”. Ainda animado, ouviu a
segunda:
– Mas o senhor nunca mais vai caminhar.
O propósito da operação era apenas fazer correções na estrutura da coluna lesionada em uma saída de pista do carro conduzido por Silveira nas proximidades da Usina do Gasômetro. Desde então, o comerciante, aposentado por invalidez, se dedica a uma rotina de fisioterapia e hidroterapia para conseguir um mínimo de independência sobre a cadeira de rodas.
– Deixar de andar é o de menos. Eu não consigo fazer xixi sem sonda, não sei se minhas pernas estão no quente ou no frio.
Apesar disso, Silveira se mostra confiante de que, no futuro, o trânsito será menos brutal. E utiliza como exemplo sua filha, de apenas quatro anos:
– Minha menina já sabe que, no sinal vermelho, a gente deve parar. Acredito muito nessa geração.
– Mas o senhor nunca mais vai caminhar.
O propósito da operação era apenas fazer correções na estrutura da coluna lesionada em uma saída de pista do carro conduzido por Silveira nas proximidades da Usina do Gasômetro. Desde então, o comerciante, aposentado por invalidez, se dedica a uma rotina de fisioterapia e hidroterapia para conseguir um mínimo de independência sobre a cadeira de rodas.
– Deixar de andar é o de menos. Eu não consigo fazer xixi sem sonda, não sei se minhas pernas estão no quente ou no frio.
Apesar disso, Silveira se mostra confiante de que, no futuro, o trânsito será menos brutal. E utiliza como exemplo sua filha, de apenas quatro anos:
– Minha menina já sabe que, no sinal vermelho, a gente deve parar. Acredito muito nessa geração.
- Mayara ficou com dificuldades para falar, caminhar e mexer a mão e hoje luta para amenizar as sequelas e se reaproximar do filho de quatro anos
Aposentado aguarda por nova prótese
Apesar de ter sofrido há quase 30 anos o acidente de trânsito que lhe amputou a perna esquerda, ao bater de moto contra um carro, o bancário aposentado João Carlos Moraes, 58 anos, ainda aguarda por uma prótese capaz de lhe proporcionar uma caminhada tranquila. Ele sonha com um modelo que conta com uma espécie de “joelho inteligente”.
– O problema é que custa R$ 98 mil. Estou tentando com o plano de saúde – revela.
Com o modelo atual, menos eficiente, qualquer pequena pedra no meio do caminho pode lhe tirar o equilíbrio e jogá-lo ao chão. Enquanto isso, Moraes dedica-se a sessões de fisioterapia em Caxias do Sul, onde vive, e a consultas periódicas na Capital:
– Há 30 anos o trânsito era mais tranquilo, o que houve comigo foi uma fatalidade. Hoje, é muito mais perigoso.- Bancário, Moraes frequenta a fisioterapia há 30 anos e anseia por prótese de R$ 98 mil
ROTINA DE SEQUELAS
Memória perdida em uma avenida
Um acidente ocorrido há uma década mantém uma sobrevivente do trânsito refém do passado. Voltando de uma festa na carona de um automóvel, sem cinto de segurança, ela foi lançada para fora do veículo na Avenida Beira-Rio, em Porto Alegre, permaneceu quatro meses hospitalizada e emergiu das trevas com vida – mas sem memória. Cláudia de Oliveira Scandolara, 31 anos, tem dificuldade para guardar na lembrança fatos ocorridos há mais de uma ou duas horas. Por isso, enquanto tenta se recuperar por meio de terapia, escreve anotações para si mesma em uma agenda para saber o que fez.
Consegue se lembrar de alguns fatos mais marcantes, mas outros lhe fogem. O transtorno forçou-a a trancar a faculdade no último ano de Direito, abandonar os estágios e permanecer morando com os pais.
marcelo.gonzatto@zerohora.com.br
Fonte: ZH 18/09/11
31 comentários:
A vida muda, mas nós também podemos mudar...ajudando a conscientizar a todos que o tränsito mata ou transforma uma vida!!!!
Conscientização Já e sempre! beijos,chica
Se todos tiverem consciência as coisas mudam...
Uma boa semana pra vc amiga.
beijooo.
Conscientizar é dever de todos nós.
Bjs
A vida muda, sorte temos quando recebemos a oportunidade de recomeçar, pode ser dolorido no começo, mas precisamos acreditar que superaremos a dor.
Exemplo a ser seguido por todos os Estados da nossa confederação.
O despertar da consciencia transforma as pessoas em seres humanos melhores.
Bjs.
Wilma
www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com
Uma bela postagem com estes exemplos para bem mostrar este trauma que tantos causam e outros não tem a minima idéia, do que um ato irresponsavel possa interferir na vida de uma pessoa,de uma familia.
Precisamos crer nestas mudanças e na mior delas,que é a conscientização dos motoristas.
Um abraço.
Boa semana Lisette.
Bju.
Querida amiga,
Relatos precisos nas dores e dificuldades que causam acidentes. Como você sempre vem alertando é preciso conscientização e a colaboração de todos para transformar esta triste realidade, reduzindo e/ ou ameniza-la.
Beijos com carinho e feliz semana.
Tanta desgraça que a insensatez de alguns provoca! Também cá os acidentes são muitos e no Verão, tempo de férias há sempre muitos mais; famílias que vão em passeio e não chegam ao destino quase sempre pela imprudência de alguém; excesso de velocidade e alcool são os principais motivos de tanta desgraça no trânsito. Um beijinho, Lisette e um boa semana. Fica bem, amiga!
Emília
Grata pela visita, mas certas coisas é muito difícil no Brasil, na saúde então....Parabéns pelo trabalho de conscientização que desenvolvem.
Beijos
Sol
Eu espero mudanças... quero acreditar!
Bjos.
Oi amiga, passando pra deixar um beijo e desejar uma ótima semana!
Bjinhoss XD
Vi uma nova campanha, sobre placas de trânsito ontem. Excelente!
Prevenir ainda é o melhor remédio!
Bella, uma excelente semana p/ vc!
Beijoooooooooooooooo
Tenho visto essa campanha nas tvs,,,vamos ver se o pessoal se conscientiza,,,realmente deve ser complicado recomeçar a vida após um acidente,,,beijos de boa semana pra ti amiga.
Querida...vim agradecer a sua visita...ando quase sem tempo para visitar as amigas...mais estou sempre lendo as publicações vui!
Te deixo uma abraço com todo carinho!Fica com Deus!
E como podemos mudar! Podemos mudar a cada novo amanhecer. Obrigada pelo carinho, uma semana especial para você, com muita paz. Um abraço.
Quantas vidas arruinadas... por um instante que poderia ter sido evitado. :( Boa semana, amiga; fica bem.
Querida amiga Lissete
Agradecimento de alma pelo carinho, e generosidade que me brindou.
A renovação sempre acontece...
Abençoada seja sempre!!
Beijos no coração.
Lua
Olá,Lisette!
Tão triste as consequências...na maioria irreversíveis...
Conscientizar é preciso, sempre!
Beijos!
Lisette, seu trabalho neste blog é muito importante. Que Deus lhe dê forças e reconforte seu coração! Boa semana! Beijos!
A imprudência e irresponsabilidade no trânsito quando não leva vidas inteiras, leva parte delas.
Bjo, querida.
Oi, querida... Obrigada pela visita ao Livre Pensamento! Fico feliz de encontrá-la em meu cantinho! Bjks Tetê
Meu Deus! Há pessoas que sofrem tanto, tanto, mas mesmo tanto! Senhor, olhai por elas, dai-lhes a mão!
Um grande abraço.
Tenho uma fé feito de mil cores
Uma paleta onde misturo as emoções
Este pincel deixa tanta marca vibrante
E um mundo imenso de contradições
Pinto rostos, o céu, a saudade
Pinto mentiras, corações sem chama e verdades
Pinto o Mundo muito à minha maneira
E um barco carregado de puras saudades
E apago o olhar para ver melhor
Para sentir o dizer de um amarrotado papel velho
O que vejo está muito para lá de sentir
Nesta…Outra face do Espelho…
Mágico beijo
Quanto mais se investe em anunçios pela conscientização no transito parece que os nossos motorista esqueçe o que aprenderam nas aulas teoricas de direção defensiva ao tirar a carta.
tenho muita pena dos mutilados no tránsito todos os dias,sem falar das pessoas queridas da gente que perecem todos os dias no tránsito atingidos por motoristas alcóolizados.realmente é uma pena assim caminha a humánidade para o precipicio sem freios e sem piedade.
Querida amiga Lisette é uma dadiva um orgulho pra gente sua visitinha tão esperada na casa SulPampa.
De seu amigo João Batista
Querida
Obrigada pelo seu carinho.
Tenha uma linda semana BJS.
Terrível e não deve ser esquecido. Toda vez que se menospreza o perigo aumenta e muito a chance de dar de cara com ele.
Conscientizar é sempre bom e este é um trabalho que você faz muito bem.
beijos
A vida é eterna, mas a saudade dos que partem é incrivelmente dolorosa, a separação física ainda que temporária nos faz sangrar o coração, mas nos impulsiona, para evitar outras quedas...paz e luz(enquanto as drogas e o álcool reinarem soltos infelizmente haverá imprudência...)
Oi Lisette!
Nooossa quanta tragédia!
Uma irresponsabilidade que pode não tirar a vida, mas a transforma drásticamente.
Uma conscientização para ontem!
Beijo carinhoso!
Querida amiga Lisete
Hoje é um dia muito especial.Desejo que a Prima-vera, te traga muitas flores e renovação.
Um final de semana brilhante!!!
Abençoada seja sempre.
Beijos de flores.
Lua.
Nosso trânsito a cada ano esta pior,é muito mais carros nas ruas,e assim mesmo as pessoas não se dão conta de que tem que mudar...todos temos que fazer um pouquinho para essa realidade mudar...
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