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quarta-feira, 6 de julho de 2011

A Meta Zero da Suécia

Acidentes rodoviários são inevitáveis em uma sociedade motorizada, certo? Errado, diz Claes Tingvall, do Departamento de Trânsito da Suécia e um dos arquitetos da política Meta Zero, que visa um sistema de trânsito rodoviário sem fatalidades causadas por acidentes.

Não ter fatalidades nas estradas: como isso seria possível?
A política da Meta Zero não é uma estatística – é uma mudança de filosofia. A política de trânsito usual é uma ponderação entre os benefícios da mobilidade e os problemas de segurança. A política da Meta Zero se recusa a usar a vida e a saúde humana como parte dessa ponderação; elas não são negociáveis.
Os sistemas atuais supõem que os humanos não cometem erros. Porém, se você errar 2 segundos, você pode ser morto. Desde os anos 20, estamos proibidos, efetivamente, de ter acidentes. Mas o sistema deveria tolerar erros, e essa política afirma, explicitamente, que se deveria projetar o sistema prevendo falhas humanas.
Nós sabemos que não vamos alcançar a meta zero, mas poderíamos, provavelmente, reduzir em até 80% ou 90% as fatalidades em acidentes rodoviários adotando tais princípios fundamentais.
Quais medidas foram implementadas para obter essas reduções?
As maiores mudanças foram no projeto de infraestrutura viária. Projetos rodoviários tradicionais buscavam reduzir o número de colisões construindo rodovias mais largas e retas. Porém, isso não afetou a gravidade dos ferimentos porque a velocidade dos veículos aumentou.
O que nós visamos não é diminuir o número de colisões, e sim reduzir as fatalidades e os ferimentos graves, através de medidas que acalmem o ritmo do trânsito, como as rotatórias e passagens de nível. O corpo tem limites de tolerância a colisões.
Assim que o motorista perde o controle, a infraestrutura deveria entrar em cena para mitigar a seriedade de uma colisão. Por exemplo, retirando árvores e rochas das margens das rodovias e instalando barreiras laterais – isso é o chamado controle da energia cinética.
Quais são as melhores maneiras para melhorar a segurança no trânsito por meio do controle dessa energia?
As barreiras e rotatórias e os projetos para pedestres têm sido as medidas mais importantes. A ideia de “espaço partilhado” entre pedestres e veículos teve uma experiência bem-sucedida em Gotemburgo e outras cidades, na medida em que o ambiente foi redesenhado para tornar o tráfego mais lento.
Nós também adaptamos as estradas com duas mãos em pista dupla — verdadeiras assassinas — deixando duas pistas em um sentido e apenas uma pista em sentido contrário, o chamado sistema 2+1. Mas o grande truque foi uma barreira anticolisão entre as pistas, que evita entre 50 e 60 casos fatais por ano, aproximadamente.
Qual o custo dessa medida?
O custo é em torno de 1/12 do investimento de uma rodovia nova, menos de 200 euros por metro, comparado aos cerca de 7.000 euros por metro para fazer uma nova rodovia. Nós refizemos cerca de 2 mil quilômetros de estradas, cobrindo em torno de 20% do fluxo viário da Suécia.
O novo princípio de segurança para controlar a energia cinética é, por si só, mais barato que prevenir acidentes. E, uma vez feito esse investimento, ele continua a render benefícios todo ano. Além disso, as estradas com o sistema 2+1 têm hoje limites de velocidade mais elevados do que tinham antes da modificação, de modo que, ao criar uma segurança melhor, nós também melhoramos a mobilidade.
A Meta Zero desloca o peso da responsabilidade dos motoristas para os construtores e concessionárias das rodovias. Ela também altera a responsabilidade jurídica?
Não dá para solucionar a segurança simplesmente impondo ao usuário uma exigência legal. Os usuários de estradas devem seguir as regras do sistema, mas quem projeta o sistema — as concessionárias que administram rodovias, a indústria automotiva, a polícia e os políticos — é que fica responsável pela segurança no interior do sistema inteiro.
Está a caminho uma legislação que exige que os fornecedores da infraestrutura comprovem melhorias na segurança viária. Isso coloca um ônus muito grande sobre os governos local e estadual. No entanto, os gestores de estradas não serão mandados para a cadeia.
De que modo a Meta Zero tornou os veículos mais seguros?
O problema é que o equipamento de segurança, muitas vezes, é opcional. Na Europa, nós não podíamos ter uma regulamentação como um país isolado, então tivemos de inventar meios para inserir novos itens de segurança no mercado. Parte da estratégia da Meta Zero é melhorar a demanda por segurança.
O controle eletrônico de estabilidade (ESC) assegura que os motoristas não percam o controle do veículo. Ele reduz em cerca de 20% as fatalidades nos acidentes, só ficando atrás dos cintos de segurança em termos de medidas de segurança internas do veículo.
Nós pedimos aos fiscais de saúde e segurança no trabalho para se certificarem de que as frotas de empresas tivessem o ESC; providenciamos para que os carros importados tivessem o equipamento; falamos com seguradoras sobre favorecer os carros com ESC. Agora, 98% dos carros novos vendidos têm esse equipamento – é a taxa de penetração mais alta do mundo. Também introduzimos os avisos de cinto de segurança nos carros e os chamados alcolocks (espécie de bafômetro simplificado que trava a direção do veículo se o motorista estiver alcoolizado) para veículos comerciais, táxis e carros de frota. Em ônibus e caminhões, a penetração é em torno de 30% a 40% e está crescendo rapidamente.
A Meta Zero significa tolerância zero para infrações de trânsito como dirigir alcoolizado ou exceder a velocidade permitida?
Esse é o outro lado da moeda. Nós vamos fornecer um sistema rodoviário mais seguro, mas também vamos exigir mais dos usuários.
As leis sobre dirigir alcoolizado endureceram. Você está sujeito a prisão por tempo mais ou menos longo se for pego alcoolizado no volante, e fazemos muitos testes aleatórios de bafômetro. Nós precisamos dialogar com o público para formular normas sociais. Com o álcool, nós estabelecemos uma norma, e agora apenas 0,2% dos motoristas em circulação dirigem alcoolizados. Ainda não criamos uma norma social para velocidade.
O que é singular é que nós somos um dos primeiros países a mudar os limites de velocidade de acordo com a capacidade de colisão da infraestrutura. Então temos velocidades mais altas nas estradas divididas com barreiras anticolisão e velocidades mais baixas nas estradas sem divisão.
Que diferença fez o programa Meta Zero?
Em 2008, 397 pessoas morreram por conta de acidentes de trânsito nas estradas. São 4,3 casos fatais para cada 100.000 cidadãos, provavelmente o segundo ou terceiro índice mais baixo do mundo, e cerca de metade da média na União Europeia. Em 1997, o ano em que foi adotada a Meta Zero, a Suécia tinha 541 mortes em rodovias. Com o programa, nós vimos uma queda de em torno de 30% nas fatalidades.
De que modo a Meta Zero pode melhorar? O que ainda pode ser feito?
Praticamente tudo. Os princípios funcionam comprovadamente, agora que nós os estamos implementando. A mudança mais drástica será nos veículos, tanto para dar apoio ao motorista como também para usar o tempo entre a perda de controle pelo motorista e a colisão. É um intervalo de 1 ou 2 segundos; tempo suficiente para tomar providências drásticas, como frear ou esterçar o volante para que o veículo se posicione melhor em caso de impacto.

0Por James Tulloch

Fonte: http://sustentabilidade.allianz.com.br

27 comentários:

ONG ALERTA disse...

O Brasil tem muito que aprender, primeiro aqui náo existe META para nenhuma segurança as metas sáo para poder e roubo...enfim talvez um dia tenha gente que faça a DIFERENÇA!!!

Anônimo disse...

Lisette,


É triste , mas concordo com seu comentário.
Mas sempre com a esperança que um
dia isso mude.
Bjo e um Dia de Paz.

soninha disse...

É isso mesmo vivemos de esperanças,aqui perdemos todos os dias muitas vidas e nada é feito nem pensado para mudar essa realidade...

Val Du disse...

Esperemos por grandes mudanças... elas são urgentes.


Bjos.

Lau Milesi disse...

Excelente postagem!! Lisette, importante também ressaltar a direção defensiva,o que muitos no Brasil desconhecem. Com a proliferação das escolas de direção(muitas incapazes de estarem funcionando) deveria haver uma obrigatoriedade no ensino da direção defensiva.E uma fiscalização intensiva nessas escolas, evidente.

Um beijo e minha admiração de sempre.

Solange Maia disse...

Lisette...

Acabo de assistir os vídeos VIDAS AUSENTES... pôxa... se eu pudesse corria te abraçar... e abraçar essas pessoas guerreiras, que ficam vivendo com essas ausências... que tiveram essa provação na vida...

só o amor...
só o amor...
só o amor...

e a conscientização das pessoas...

meu Deus...

beijo carinhoso e especial...

M. disse...

Pode ser por aí. Deveria ser...

Duvido que resulto noutros países...mais latinos:)

Flor de Jasmim disse...

Lisette querida
Que hajam mudanças urgentes.
Beijinho

MARILENE disse...

Comecemos por mudar nossa conduta, pois esperar tudo do governo é viver frustrado.

Bjs

Betty Gaeta disse...

OI Lisette,
Gostei da proposta! Pq não zero?!? Sabe que eu nunca tinha pensado nisto?
Bjkas e uma 4ª-feira maravilhosa para vc.

www.gosto-disto.com

Naty disse...

APRENDER É PRECISO.

BJSS

Wanderley Elian Lima disse...

Quem sabe, um dia chegamos lá?
Até agosto.
Bjux

Lilá(s) disse...

Um dia as coisas irão mudar, importante é não perder a esperança.
Bjs

Marinha disse...

Poderíamos levar esse exemplo para nosso governantes, não é? Vou pensar em uma ação. Prometo que irei!

Ah, o Construtora de Palavras fez aniversário ontem e tem mensagem e presente aos amigos.
Bjoo, querida.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Se aparecer alguém para fazer a diferença, matam ligeirinho, ligeirinho.

Continuas fazendo um belo trabalho. Parabéns!

Beijos e muita paz pra ti e para os teus.

Furtado.

Everson Russo disse...

A gente tem sempre a esperança que por aqui, copiemos essas coisas boas,,,e continuar tentando melhorar...beijos de bom dia pra ti amiga.

Pena disse...

Estimada Amiga:
Sabe que encanta, não sabe?
Bem-Haja,, pela amizade expressa no meu blogue.
O seu trabalho em prol da educação nas estradas no mundo é fabuloso.
Abraço amigo de respeito pela sua atitude extraordinária no que faz.
Sempre a admirá-la de forma CONSTANTE.

pena

Vivian disse...

Bom dia,Lisette!

O jeito é torcer para que se faça alguma coisa, exemplos tem...
Beijos pra ti!

DADI SILVEIRA disse...

Vamos chegar lá, espero.

Bjs

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Olá amiga. Esperemos que esse dia chegue. Há muito sofrimento devido atos inconsequentes no trânsito. Beijos.

Anônimo disse...

Retribuindo a visita!

Já estou te seguindo!!


Um beijo e muito carinho pra você!!

MUITO MESMOOOO

Ingrid disse...

é isso Lizette..
quem sabe um dia..
beijos e obrigada pelo carinho.

Cancer de Mama Mulher de Peito disse...

Um dia a gente chega lá.
Como está a corda fica muito curta e acaba atingindo a todos.
Governados e Governantes.
E você sabe quando atinge a segunda opção a coisa anda.
Bjs.
Wilma
www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Estou voltando devagar e melhorando.
Não podia deixar de passar para deixar um beijinho.

Rosa

Isabel Maria Rosa Furtado Cabral Gomes da Costa disse...

Todos os cuidados são insuficientes, todas as ideias são escassas perante esse monstro quew é a sinistralidade rodoviária e o seu cortejo de dramas.
É preciso fazer ainda mais! Cada vez mais!

Evanir disse...

Com enorme carinho
agradeço de coração por compartilhar
momentos tão agradaveis e tão importantes para mim.
Certamente vera essa mensagem em outros blogs
mais isso é tudo que posso fazer hoje.
E jamais vou deixar de agradecer a bondade
de estar sempre no meu blog acariciando meu corção.
Agradeço e reconheço que Deus nunca nos deixa sozinho.
Um beijo no corção,Evanir.

pensandoemfamilia disse...

Oi Lisette

Retribuo e agradeço sua visita.
Precisamos lutar para que aja transformações. Enquanto predominar os valores atuais, as pessoas se curvarem ao poder e a ganância o caminho é árduo.