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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Por Vias Seguras Responsabilidade no trânsito Artigo de Marisa Dreys, Inspetora da Polícia Rodoviária Federa

Responsabilidade no trânsito

Artigo de Marisa Dreys, Inspetora da Polícia Rodoviária Federal, publicado para a Série Rostos e Histórias por trás dos números, no Blog do AMIGO DO TRÂNSITO

Ao ler a série “Rostos e Histórias por trás dos números frios dos acidentes de trânsito”, lembrei de muitas ocorrências que presencio no meu dia-a-dia como policial.

A frieza dos números dos acidentes começa com a naturalização do acidente de trânsito. Muitos motoristas o encaram como “natural”. Acidente de trânsito não tem nada de natural. Pode ser comum, mas não “natural”. Acidentes de trânsito são evitáveis em 99% dos casos e acontecem na maior parte das vezes por falha humana, entre as quais imprudência, imperícia ou negligência do motorista.

A idéia de “normalidade” dos acidentes de trânsito vem da percepção do senso comum de que em uma cidade grande “acidentes acontecem mesmo”, e que se não houve vítimas e tudo aconteceu por uma simples falta de atenção, “está tudo bem” e segue-se a vida registrando cada vez mais boletins de ocorrência. Tudo muito simples.

O problema é que não é assim. Todo acidente de trânsito merece ser pensado e discutido, tanto pelos envolvidos quanto pelas autoridades. Um acidente sem vítima não pode ser encarado como “sem gravidade”. Afinal, mesmo se um acidente não gerou vítimas por um ou outro fator, aconteceu o acidente, e dele poderiam sair pessoas vitimadas não fosse obra da sorte, vez que os resultados de um acidente não são previsíveis.

O que percebo, ao atender várias ocorrências de acidentes, é que os motoristas não demonstram nenhuma preocupação em refletir sobre as causas dos acidentes em que se envolveram. Ou melhor, na maioria das vezes, já chegam com um culpado de plantão: o ”outro”. Entre os policiais, costumamos dizer que este “outro”, se existisse, já estaria respondendo a um sem-número de processos e pobre-de-marré de tanto pagar indenizações.

Mas, será que este “outro’ é assim tão culpado? Quem será este “outro”?

O “outro” é sempre aquele que exime um motorista da culpa pelo acidente. Pode ser um “carro que me fechou”, “um carro que parou de repente e eu desviei” ou mesmo o próprio trânsito em si. O “outro”, nos casos mais revoltantes, pode ser a própria vítima, que segundo os relatos, “me fechou e eu bati”, “atravessou na minha frente e eu atropelei”, “estava muito devagar e me fez ultrapassá-la”, entre outras possibilidades. O outro é sempre alguém que não sou “eu”.

É na frieza dos números de acidentes e vítimas no trânsito que estão estes “outros”. São as vítimas da imprudência, da imperícia e da negligência dos milhares de “eus” que dirigem sem responsabilidade. Que bebem “um pouco” e se acham capazes de dirigir, colocando a vida dos outros em risco; que não respeitam sinais de trânsito; que excedem a velocidade; que ignoram que cada “outro” tem um rosto, uma família e uma história triste para deixar.

Muitos motoristas ainda não perceberam que a distância entre ser o “outro” ou ser o “eu” é apenas circunstancial. A luta por um trânsito mais organizado e pelo direito de ir e vir com segurança passa pela conscientização de que os “outros” somos “nós” e de que o rosto e a história envolvidos nos acidentes também são nosso rosto e nossa história.

Como policial, apesar de todo o esforço de fiscalização, considero que faço parte desta triste cadeia de acontecimentos, quando algumas vítimas, ainda dentro das ambulâncias dos serviços públicos, nos pedem para avisar seus parentes ou quando somos obrigados a informar a morte de alguém em razão de acidente.

É neste momento que podemos ouvir a voz do “outro”; daquele que até então não tinha rosto ou identidade mencionado nos relatos dos irresponsáveis causadores dos acidentes, mas que tem um pai ou mãe, ou marido, ou filhos, chorando no telefone, nos implorando por lhes dar mais detalhes e mais informações que lhes possam reconfortar um pouco. E muitas vezes, nós não temos essas informações e nem podemos dar o reconforto pedido.

Que missão difícil é dar uma notícia a um pai do falecimento de seu filho. Entregar a ele objetos pessoais encontrados no veículo: camisetas de festas, CDs, livros que um dia fizeram parte de momentos alegres, hoje embalados em um saco fechado. Muitos policiais, nem conseguem cumprir esta etapa e pedem ajuda a outros colegas.

A sensação é um misto de impotência, culpa e solidariedade humana que nos dá vontade de chorar junto com pais, mães e familiares. E seguramos esta vontade de chorar porque é preciso ajudar a família, dar orientações, tomar providências burocráticas e administrativas que, se por um lado são necessárias, não trarão de volta a vida do ente querido.

E depois que tudo termina a família vai para casa. O plantão continua com outras ocorrências. Na minha cabeça, porém, permanecem os rostos de olhos tristes e molhados de cada uma daquelas pessoas, como gritos silenciosos de socorro, como dores que poderiam ter sido evitadas, como vidas que poderiam ter sido preservadas.

Marisa Dreys Inspetora da Polícia Rodoviária Federal.

Fonte:http://www.vias-seguras.com/comportamentos/conscientizacao/os_outros_somos_nos

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39 comentários:

ONG ALERTA disse...

A responsabilidade é de todos, sempre pensamos que com a gente nada vai acontecer, mas um dia talvez tudos eja diferente.
Entáo respeito pela vida!!!!

Vivian disse...

Bom dia,Lisette!!

Tens razão, a responsabilidade e de todos, se cada um fizer sua parte...
Parabéns pelo trabalho informativo, é necessário para despertar consciências!!
beijos pra ti!
Bom início de semana!

Everson Russo disse...

Uma segunda feira cheia de carinho e muita poesia pra ti amiga...beijos e beijos.

O Árabe disse...

Bela escolha, Lisette! Texto que nos faz pensar... e muito! Boa semana, amiga.

Bandys disse...

Oi Lisette,
Voce tem toda razão.
A responsabilidade é de todos.

BIA disse...

Todos são responsáveis, todos precisam agir.

Bjs

CLEMENTE GERMANO MULLER disse...

Oi querida amiga. Passando por aqui para agradecer a visita e desejar uma ótima semana, cheia de paz e saúde. Um grande beijo. FIQUE COM DEUS.

ValériaC disse...

Grandes verdades ditas pela Inspetora...
Com certeza acidentes podem ser evitados, se todos agirem com responsabilidade...quem dera até o mais simples incidente(nem precisa ser um acidente) como uma fechada, um pare não respeitado, fossem refletidos pelos envolvidos nos sentido de os tornar mais atentos.
Boa semana amiga...beijos
Valéria

Lunna disse...

Responsabilidade é uma palavrinha cheia de significado, e esta faltando muito por aí.

Amiga passe pra te desejar uma semana de paz e tranquilidade.
Beijos
Lua.

Luma Rosa disse...

Ninguém está imune a participar de um acidente, ainda mais o acidente de trânsito que nem sempre somos nós os causadores. Além de trafegar por nós, temos que ter a direção defensiva; a preocupação de como quem dirige do nosso lado esteja fazendo.
Se é comum e não normal, era preferível não ser encarado como também "comum".
Boa semana! Beijus,

Flor de Jasmim disse...

Lisette querida
A reponsabilidade tem que ser fortemente respeitada por todos, pois será muito mais fácil para andar nas estradas.
Beijinho boa semana

angela disse...

Ai que duro! Temos que nos responsabilizar pelo que acontece e pensar para não repetir.
beijos

Ventania da Noite disse...

Querida Lisette,

Passando para te desejar uma semana de muita paz e luz!

Um abraço carinhoso

Deus seja contigo

Toninho disse...

Este depoimento é muito doloroso desta triste realidade.Sabe Lisette, acho até que deveria criar varios depoimentos destes anjos de asfalto, falando de suas emoções em resgate, para ver se choca ainda mais as pessoas sobre esta violencia do volante.
Sempre cri, que os acidentes são programados e ficam esperando quem vai os detonam o estopim.
Uma bela semana a voce com paz.
Meu terno abraço amiga.
Bju.

CLEMENTE GERMANO MULLER disse...

Oi minha querida amiga Lisette. Só hoje, lendo teu comentário no blog da Marly Bastos entendi tudo. Peço que DEUS continue a te dar forças e coragem para continuar essa tua luta. Com certeza a tua amada Alesssandra, que descansa feliz nos braços de DEUS vai continuar te iluminando todos os dias de tua vida. Um grande beijo. Sobre a campanha da ONG acho que você já recebeu o convite para participar dela mesmo. Um grande abraço.

Anne Lieri disse...

Lisette,infelizmente os motoristas estão ficando cada vez mais insensiveis aos acidentes!Nunca se acham culpados e ainda se puderem,dão o fora sem prestar socorro as vitimas!Bjs,

Pelos caminhos da vida. disse...

Vejo cada barbaridade o que os motoristas fazem aqui na minha cidade.

Um bom dia pra vc amiga.

beijooo.

Wanderley Elian Lima disse...

Olá Lisette
Tenha uma lida semana
Bjux

Anônimo disse...

Excelente artigo. Não devemos nos conformar com "fatalidades". Muitas, afinal, podem ser evitadas com responsabilidade.

Bjs!

*♡* Jane Dos Anjos *☆* disse...

Quem dera que mais pessoas fossem como vc, o mundo seria um lugar melhor. Bjs e boa semana!!! ♥
http://artesdosanjos.blogspot.com/

Anônimo disse...

Oi Lisette....

passo aqui pra deixar meu carinho e admiração....



beijo!


Zil

Anônimo disse...

passando pra agradecer seu carinho e desejar um lindo dia...

...quanto ao texto, sem dúvida a responsabilidade é de todos mesmo... precisávamos colocar textos assim em outdoors pra quem sabe chamar um pouco mais a atençao das pessoas...

beijinho.

Su.

Pena disse...

Brilhante e Fabulosa Amiga:
"...A idéia de “normalidade” dos acidentes de trânsito vem da percepção do senso comum de que em uma cidade grande “acidentes acontecem mesmo”, e que se não houve vítimas e tudo aconteceu por uma simples falta de atenção, “está tudo bem” e segue-se a vida registrando cada vez mais boletins de ocorrência. Tudo muito simples..."

Em minha opinião, mesmo os acidentes de trânsito podem ceifar por completo vidas humanas tranquilas e em paz consigo próprias. Ceifam famílias inteiras indefesas.
Excelente, amiga.
É importante a sua presença em todo o lado.
Abraço amigo de imenso respeito e admiração pelo que faz.

pena

Clara Lúcia disse...

Sabe que eu sempre ouvi que só quem bate carro ou morre de acidente é quem dirige... Nunca concordei com isso. Isso é irrespondabilidade de gente que acha que é imortal.
É lastimável isso!

Abraços calorosos pra vc....

Patrícia Pinna disse...

Boa tarde, Lisette. Eu acredito que a conscientização no trânsito, deve ser de todos nós.
Infelizmente a maioria das pessoas não são educadas, banalizam muito a vida, por fator pressa, por exemplo.
Não pensam que com isso podem ocasionar acidentes onde eles próprios podem ser feridos gravemente, levando até ao óbito.
As autoridades tem de ter punições severas para quem não cumpre as regras de trânsito, colocando a vida das pessoas em risco.
Educação é fundamental, no trânsito, é salvação!
Beijo grande, e excelente quarta!
Fique com Deus!

DADI SILVEIRA disse...

Porque tudo é tão difícil!
Somos tão frágeis. Se cada um soubesse cuidar bem de si; cuidaria do próximo também.

Bjs

Smareis disse...

Lizette, quantos acidentes terríveis poderia ser evitados se houvesse mais responsabilidade. Quantas dores minha família já teve devido a falta de responsabilidade de pessoas no transito, que resultou em morte terrível. Aqui em casa todo mundo dirigem mas sempre com muita responsabilidade. Beijos e ótima noite!

Smareis

Val Du disse...

A mania de achar tudo normal, é uma tremenda falta de humanidade. Todos deveriam cultivar o zelo em todos os setores da vida, no trânsito isso deveria ser primordial. Mas infelizmente parece que estamos regredindo em certas áreas da vida.

Bjos.

Solange disse...

Parabéns pela informação, dá-se a a impressão que está se perdendo o respeito mútuo né?
Beijos da Sol

Rosemildo Sales Furtado disse...

Os veículos, as estradas, as pontes, os viadutos, os semáforos... Não se automantêm. Portanto, a falha é humana, indiscutivelmente. Belo texto. Ótima escolha amiga.

Beijos e boa noite pra ti e para os teus.

Furtado.

Anônimo disse...

Olá, passando rapidinho.
Tem um presentinho para você no meu cantinho.
Bjos se cuida e tenha um lindo dia.

Vera Lúcia disse...

Oi Lisette,
Achei o artigo excelente e até me emocionei, pois hoje vi sob um ângulo ainda mais sofrido. Isto porque me ative mais ao seu blog e pude perceber seu sofrimento e a motivação
deste blog. Vi o vídeo. Doeu.
Beijos.

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Olá Lisette, um texto que nos faz pensar, e como você tem razão no seu comentário aqui, tudo muda e isto em um segundo, parabéns beijos Luconi

João Batista da Silva disse...

As pessoas esqueçem o amor e o respeito com o proximo no mesmo instântante em que entram num veiculo e faze deste uma arma.os motorista tem que se ater no fato que no outro lado existem um pai de familia,uma mãe dedicada ou alguem da sua própria familia dirigindo em sentido contrário ao seu.
paçiência e educação´no transito é a melhor forma de ter-mos paz no dia dia das nossas cidaes.
querida Amiga Lisette a casa SulPampa fica mais feliz quando você nos faz uma visitinha.fique com Deus Querida amiga.
deste seu amigo-João Batista

Eliana disse...

Oi Lisette, passando rapidinho só para te desejar... UM ÓTIMO DIA!!! Beijos

Anne Lieri disse...

Lisette,passando para reler esse importante artigo e deixar um beijo!Bjs,

Simone Pires disse...

oláa.Fiquei feliz com a sua presença e comentário no meu espaço,seja sempre bem vinda.Parabéns pelo seu blog e iniciativa.Estou ficando por aqui tanbém.Bjks

Unknown disse...

Oi amiga, passando para deixar um abraço com carinho,
Que seu dia seja abençoado.
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Anônimo disse...

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