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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Violência no trânsito custa R$ 22 bilhões por ano

Somente nas rodovias federais, nos dois primeiros dias do feriado, 92 pessoas morreram. Um exemplo de que fiscalização e punição funcionam pode ser a Lei Seca, no Rio de Janeiro.
Quarta-feira(20/4) à noite, Rodovia Presidente Dutra, sentido Rio. Ao longo de 200 metros, destruição, ferro retorcido, feridos na beira da estrada. Combustível vaza no asfalto, o trânsito continua em meio aos destroços. O socorro chega pela pista contrária, mas com o trânsito pesado, eles se arriscam ao cruzar a Dutra.
“Estou com uma dor aqui assim, não consigo nem respirar, está doendo muito”, diz um acidentado.
Salva pelo cinto e os air bags, presa do pânico. “É um susto. Hoje é dia de falecimento do meu pai também. Ele morreu de acidente de carro. Então, me deixando mais nervosa”, diz Joseni Moreira, vítima do acidente.
Esse motorista é louco. Ele vem sabendo que o trânsito estava todo parado e ele veio a mil. Nós fizemos sinalização para ele parar e ele nada”, critica Jaqueline Maria da Conceição.
Pouco mais adiante, a mulher de um homem sofre com a dor do impacto na coluna - que já estava lesionada.
A carreta não parou ao encontrar o engarrafamento. E bateu em 12 veículos, espremendo um carro contra a mureta.
“E quando de repente é uma carreta. Vinha numa velocidade muito grande, e não deu tempo, porque a gente estava parado. Eu só vi na hora do impacto”, conta o motorista Francisco Titoneli.
O adesivo diz que a carreta está "nas mãos de deus". Ela estava com Hudson Cadine, 27 anos.
- A senhora é da televisão?
Fantástico - Sou.
- Eu não quero dar entrevista.
Fantástico - O senhor não quer dizer o que aconteceu?
- Eu vou dizer pro policial, daí a senhora pergunta pra ele.
A polícia investiga se ele estava em ponto morto e dormiu na direção ou se houve uma falha mecânica.
As ambulâncias levam os feridos. Está começando o feriado da morte e do renascimento.
Na quinta-feira cedinho, o fogo na beira da estrada em Rondônia consome um carro. Os cinco ocupantes morreram. Eles não tiveram chance de escapar quando o carro bateu de frente com o ônibus e foi arrastado para fora da estrada.
“Eu dormi desde o momento que eu saí da rodoviária. Eu estava na frente, no banco da frente, bem do lado do motorista. Quando eu vi, eu já estava no chão. Aquele desespero, o povo já quebrando o vidro, foi na hora que a gente pulou e o ônibus já começou a pegar fogo”, conta uma mulher.
A milhares de quilômetros, quase na mesma hora, desespero na Rio-Santos.
“Vamos escorar, vamos escorar, vamos escorar”,
O ônibus captou e um dos passageiros está preso sob a carroceria.
O cinegrafista amador mostra que a escavadeira sozinha não consegue levantar toneladas de ferragens. E o esforço dos bombeiros para libertar o homem ferido. É o último de 37 feridos levados para o hospital nesse acidente. Quatro continuam internados e três passageiros morreram. O motorista perdeu o traçado da curva, na BR-101, em São Paulo, saiu da pista e capotou. Muitos passageiros foram arremessados para fora do ônibus.
“É possível, a gente ainda está periciando a ocorrência do acidente, mas é possível que pessoas tenham sido lançadas pra fora do veículo exatamente pela falta do cinto de segurança”, conta Sérgio de Amorim, da Polícia Rodoviária de São Paulo.
Centenas de milhares de brasileiros ainda estão nas estradas, voltando para casa, e este feriado de Semana Santa combinado com Tiradentes assusta.
Só nas rodovias federais, nos dois primeiros dias, 92 pessoas morreram. No ano passado, foram 114 em todo feriado.
O estudo mais completo sobre os acidentes no Brasil mostra que a conta dessa violência, paga por todos nós brasileiros, é de R$ 22 bilhões por ano.
O cálculo, do governo federal, é de 2006. De lá para cá, a frota de automóveis aumentou 43%. Os números de acidentes e mortes não param de crescer. As internações hospitalares de feridos em acidentes são 160 mil por ano, só nos hospitais no SUS.
O especialista em trânsito Rodolfo Rizzotto é autor de um estudo chamado "Acidentes não acontecem". “A gente chama de acidente, mas na realidade é uma falha humana, existem falhas mecânicas, da via, da pavimentação, da sinalização, que contribuem para que esses episódios lamentáveis aconteçam”, explica.
Noite de quarta, estado do Rio. Um casal atropelado por uma moto. Atropelamentos não deviam acontecer em estradas. Mas, segundo o governo, são quatro mil por ano, um a cada duas horas, nas rodovias federais.
“Ela estava em casa atravessou pra ir na padaria comprar pão. Aí o pessoal falou que a moto veio ultrapassou e pegou eles aqui. Aqui tem um monte de moradores, mas não tem uma passarela para a gente”, conta Renata Cristina Pereira, mãe de uma vítima.
Falha da estrada: também não existe passarela na região do sul de Minas, onde o homem foi atropelado por uma cegonheira.
Irresponsabilidade: tem gente dirigindo sem carteira. Como o motoqueiro em Santa Catarina, que vinha na contramão. “Você vai ser autuado por estar sem habilitação, por ter andando na contra mão e por ter andado sobre o passeio”, diz o agente federal.
O homem em São Paulo não teve culpa direta na colisão de dois carros, mas é um infrator confesso que apresenta uma justificativa absurda.
“Eu estou andando sem habilitação, mas estou andando de consciência limpa, não estou em zoeira, não estou em baile, não estou em mulherada, não estou em bebida”, afirma o motorista Ailton Ferreira.
Por falar em bebida, o motorista que perdeu o controle do carro e caiu no barranco, em Santa Catarina, segunda a polícia, dirigia sob influência de álcool.
“Não pudemos fazer o exame de bafômetro, porque ele estava com vários ferimentos na região do rosto e isso poderia contaminar o aparelho. Então, neste caso, a gente faz o auto de constatação de embriaguez, atestando que ele com determinados sintomas e ele é autuado normalmente por dirigir embriagado”, explica Renata Dutra, agente da Polícia Rodoviária Federal de SC.
Na alegria responsável do feriado, os três amigos beberam e chamaram outro para levá-los para casa, em São Paulo. Mas o carro capotou.
“Quando entrei ali, o rapaz me fechou, eu perdi o controle do carro. Todo mundo estava de cinto”, contou o motorista Patrício Pereira da Silva. Nenhum dos quatro ocupantes se feriu.
O especialista conta qual é o principal fator isolado para tantas mortes nas estradas do Brasil: “É a impunidade. Nós precisamos punir os motoristas infratores. E é preciso que a sociedade apóie as autoridades a punir. Por isso, precisamos mudar nosso comportamento e entender que punir é uma forma de educar”, ressalta Rodolfo Rizzotto.
Um exemplo de que fiscalização e punição funcionam pode ser a Lei Seca, no Rio de Janeiro. Construiu a reputação de que dela ninguém escapa. Do cidadão comum ao político importante, da celebridade ao juiz de direito. Em dois anos, a Lei Seca reduziu o número de acidentes no Rio em 32%. Uma redução dessa, se fosse no Brasil todo, evitaria mais de dez mil mortes por ano.
A diretora-geral da Policia Rodoviária Federal admite que a fiscalização precisa melhorar. “Nós necessitaríamos de mais efetivos, de mais tecnologias e de mais recursos”, afirma Maria Alice Nascimento Souza, diretora-geral da PRF.
Ela diz também que vários ministérios estão trabalhando num novo plano nacional para reduzir os acidentes. “Nós estamos investindo na área de estatística, pra que a gente possa ter critérios objetivos e técnicos pra trabalhar com esse plano nacional de combate aos acidentes”.
Depois de gravar essa entrevista, recebemos uma informação: a diretora-geral da Polícia Rodoviária Federal, Maria Alice Nascimento Souza, teve a carteira de motorista suspensa. A informação é pública e pode ser encontrada com uma busca na página do Detran do Paraná, na internet.
Segundo o site do Detran paranaense, entre dezembro de 2008 e dezembro de 2010, ela acumulou seis multas - duas por estacionar em local impróprio, como calçada ou faixa de pedestres. E quatro por excesso de velocidade - uma delas, com velocidade entre 20% e 50% acima do permitido na via.
O policiamento nas estradas federais nesse feriado é a primeira grande operação chefiada por Maria Alice Nascimento Souza.
O Fantástico recebeu, na noite deste domingo, uma nota da Polícia Rodoviária Federal. Segundo a nota, Maria Alice Nascimento Souza esclarece que o único carro da família está em nome dela e é usado por outras pessoas da família.
A diretora-geral da Polícia Rodoviária Federal reconhece a falha em identificar em tempo hábil os condutores responsáveis pelas infrações. Maria Alice foi notificada pelo Detran em março deste ano. Ela diz também que cumprirá o determinado em lei. E que a suspensão temporária da habilitação não cria obstáculos para que ela exerça o seu cargo de diretora-geral da PRF.
Fantástico: 24/4
Fonte:http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1660061-15605,00-VIOLENCIA+NO+TRANSITO+CUSTA+R+BILHOES+POR+ANO.html

35 comentários:

ONG ALERTA disse...

O que estáo fazendo para mudar este quadro???
Acidentes acontecem, mas muitos poderia ser evitados.

Unknown disse...

Lisette, sonho de um dia vc escrever aqui que tudo no trânsito funciona, será que este dia vai demorar? Quando vamos ver acabada esta guerra no trânsito, quando minha amiga? Quando que nós vamos colaborar para diminuição de tantas mortes desnecessária, não é ?

Beijo carinhoso!

flor de cristal{LB} .

Anônimo disse...

Olá como estás!
Tô meio sumida, mas voltei! hehehe!
Como foi de feriado?!

Noutro dia tava navegando e vi um template que tem tudo a ver com o tema do seu blog...

bjuuuus e paz!
http://guerradosmundosleka.blogspot.com/

chica disse...

Falta tanto!!!pena! beijos,chica

Everson Russo disse...

Um belissimo dia pra voce amiga...paz e carinho sempre...beijos.

Mariz disse...

Tanto falta nesse mnundo ainda.


beijos...Mariz

ValériaC disse...

É lamentável ver que muitos não são conscientes de suas responsabilidades...triste ver tanta morte e destruição.
Beijos
Valéria

Liberdade. disse...

OLÁ QUERIDA!

FICO TRISTE EM VER A FALTA DE RESPEITO A VIDA,VALORES SENDO
BANALISADO...
MAIS É PESSOAS COMO VOCÊ QUE FAZ A DIFERENÇA!
UM ABRAÇO!

Atitude do pensar disse...

Quando assisti aos telejornais após o feriado fiquei arrasada com as estatísticas. E leve por preferir passar feriados na cidade, já que fica tão vazia.
Quando falamos de violência lembramos que isso começa em casa e na escola, portanto deve começar a mudar por lá...

Lau Milesi disse...

Olá Lisette,como vai? Nem fale...fiquei revoltada ao assistir essa matéria. O mais revoltante é que pessoas públicas, que deveriam servir de exemplo, são as maiores infratoras.Aqui no Rio a Lei Seca tem que ser atuante, pois o número de jovens alcoolizados vem crescendo a cada dia. E hoje, todos sabem que alguns contam com a parceria irresponsável dos pais, que os deixam dirigir, muitas vezes, sem habilitação. Enquanto essa matéria não for introduzida no gradil curricular, estaremos, lamentavelmente, lidando com estatísticas.
Um beijo e a minha admiração de sempre por sua luta extremamente didática e pertinente.
Obrigada por sua visita.:)

Mari@ disse...

Oi Lisette, passando pra te deixar um beijo.

Anônimo disse...

Bom dia Lisette
AS leis ainda são pouco rigorosas!
O que lamentamos
Bjs

lenibeatriz disse...

Somente com maior cuidado e investimento na educação resolveremos a violência no trânsito e em outros setores. Diminuiremos, inclusive, a corrupção.

lenibeatriz disse...

Submissa flor de cristal{LB}, o trânsito funcionará melhor quando TODOS se voltarem para um maior cuidado com a Educação.
Se puderes, dá uma passadinha no meu blog e leia o projeto. Podes comentar dando mais idéias, sugestões, criticas...

Penélope disse...

Menina Lisette, passando para deixar-te uns beijinhos no coração e muita força nesta tua luta diária...

Lilá(s) disse...

E as história sucedem-se...
Bjs

Luciana L V Farias disse...

Aqui em São Paulo a Lei Seca só pegou no início, hoje em dia é como se nem existisse...

Quer um exemplo de impunidade? Há alguns anos presenciei um diálogo entre conhecidos. Um deles, rindo, se vangloriava de ter estourado a quantidade de pontos na carteira. Mas só precisou pagar pra um despachante pra reverter isso.

Enquanto não tiver punição séria MESMO, infelizmente continuaremos vendo esses absurdos no trânsito. As pessoas falam: "e daí se eu me acidentar? Sou só eu, mesmo..." Mas nunca é só ele, sempre acabam levando vidas inocentes junto... :-(((

Beijocas, querida!

Anônimo disse...

Lisete..
obrigada por sua visita!.. Fantástico este seu cantinho.. com temos super interessantes!.. Já estou a lhe acompanhar!

Beijocas em seu coração..
Verinha

Wanderley Elian Lima disse...

Oi Lisette
Quantas casas para moradores sem teto daria para construir, com esse dinheiro, não é mesmo?
Bjux

Bia disse...

sabe...

entro sempre em seu blog e te leio...leio...e leio...

Hoje passo aqui para dizer que admiro sua força e garra!

Que lindo isto...me emociono cada vez que venho aqui...

deixo hoje um beijo "equilibrado" em você!

Rs! Gostei de seu comentário lá em meu OLHAR!

Bia

Lê Fernands disse...

muitos serão ainda... se não houver uma preparação, educação efetiva, nunca mudará. infelizmente.




bjsmeus

Jorge (Nectan) disse...

Nada fazem.....mas gastar dinheiro em outras coisas, com certeza.
Infelizmente, nós é que pagamos.

Um beijo

Toninho disse...

A pergunta que sempre fazemos Lisete. É um esforço conjunto que precisa se sintonizar aliado ao processo de educação e conscientização.Poder aplicar a Lei sem subterfugios,como tem sido a da Lei Seca que sempre é driblada.Um sonho sim,que havemos de alcançar um dia.Chega de enterrar pessoas que poderiam estar aqui. Sempre solidario com seu grito.Meu abraço de admiração sempre. Bju de luz nos seus dias.PAz e Felcidades.

...EU VOU GRITAR PRA TODO MUNDO OUVIR... disse...

Lisette!

Gostaria de não ler notícias como essas...quem sabe um dia a consciência volte a habitar no espírito dos homens!

Um beijo e tenhamos fé!

Sonia Regina

Magia da Inês disse...

Olá, amiga!

Passei para uma visitinha...
Tenha um lindo dia!!!

Bom fim de semana!
Muita paz e saúde!
Beijinhos.
°º♫
°º
•*• ♫° ·.Minas

Anônimo disse...

Oi Lisette, como vai querida?
É impressionante, os números estão ai mas as pessoas não se concientizam. ATÉ QUANDO??? Até quando veremos a falta de respeito das pessoas com a vida dos outros e suas próprias vidas?!?
Fique com Deus querida e um ótimo final de semana.
Bjos

Débora
http://meninoemeninapequeninos.blogspot.com

Anne Lieri disse...

Lisette,muito triste esta estatistica!Eu acompanhei esse acidente da carreta...foi mesmo um horror!As autoridades precisam fazer mais educação e fiscalização dura nesses caras!Bjs,

She disse...

É verdade Lisette, acidentes acontecem, mas mais da metade poderiam ser evitados, beijo, beijo querida!
She

Cadinho RoCo disse...

Concordo haver sim necessidade de mais rigor na fiscalizaçao do trânsito no Brasil, mas de forma transparente, limpa e sem uso de recursos discutíveis, como é o caso do uso do bafômetro. Digo isso porque se não há obrigação de ninguém construir prova contra si mesmo, é inadmissível que o nosso policiamento ignore isso e adote o expediente goela abaixo. Se o fulano recusa o bafÕmetro não interessa é multado assim mesmo, o que constitui abuso de poder. É preciso ficalizar, dar em cima, mas no mais pleno exercício da lei. Do contrário, estaremos estimulando a nossa polícia a ignorar a lei o que ao meu pensar é totalmente absurdo e não menos perigoso, posto ser este o expediente dl bandido.
No http://cadinhhoroco.blogspot.com fotos dos painéis, oleo sobre tela, em oferta.
Cadinho RoCo

EU VENCI O CÂNCER! disse...

ei boa tarde amiga vim lhe avisar que tem selinho de 180 seguidores para vc no meu cantinho afinal vc parte dessa conquista e tbem o do dia das maes bjos marcia e carlos

Néia Lambert disse...

São assustadores os dados com relação à violência no trânsito, tanto ainda precisa ser feito, mas conscientização é preciso!

Beijos

Valéria lima disse...

BeijooO* de imenso carinho.

Naty disse...

Jamais desconsidere a maravilha das suas lágrimas. Elas podem ser águas curativas e uma fonte de alegria. Algumas vezes são as melhores palavras que o coração pode falar.
(Carlos Ruiz Zafón )
Bjs com carinho

Celina disse...

Oi querida Lisete,passei para desejar muita luz e paz para vc, e que continue firme na sua luta de divulgar estas materias, eu vi as reportagens que vc relatou e também fiquei revoltada com tanta irresponsabilidade.Eu acho que só educando as crianças para mudar este quadro.Deus lhe abençoe
Celina

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa noite, querida amiga Lisette.

Passei para lhe dar um abraço de boa noite.

Tenha um lindo fim de semana.