Translate

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ong pretende focar outros pontos



Geral

ONG pretende focar outros pontos

13/11/2008, Jornal do Comércio

Após sofrer a perda da filha Alessandra, de 18 anos, em um grave acidente de trânsito, Lisette Feijó resolveu atuar diretamente na luta pela preservação de vidas. A esposa do vice-governador Paulo Feijó criou a ONG Alerta. "Queremos que as pessoas tenham a consciência de que o álcool é um problema sério, mas que há outros fatores de risco que acabam se transformando em armadilhas e deixando o trânsito cada vez mais violento", destaca.O símbolo da entidade é um triângulo. "Representa um tripé que mostra a interdependência entre o motorista, o veículo e a via. Com isso, podemos fazer alguns questionamentos: será que nossos condutores estão bem preparados? Será que sabemos utilizar corretamente os automóveis? E as rodovias, são adequadas?".Parte das dúvidas levantadas por Lisette foi respondida de forma trágica no acidente que vitimou sua própria filha. Com menos de um ano de habilitação, Alessandra não conseguiu segurar o carro em uma curva e acabou se chocando contra um poste na Terceira Perimetral. "Foi uma via projetada com falhas. Mas entendo também que temos que preparar melhor nossos motoristas. Em nenhum momento há simulações de situações críticas ao volante. Não há nem ao menos treinamento em rodovias durante o período de habilitação", analisa.O caso de Alessandra foi mais um que ceifou uma vida jovem. De acordo com o Ministério da Saúde, os acidentes são a segunda maior causa de morte entre aqueles que são o futuro do País. A partir dos cinco anos de idade, atropelamentos são uma constante. E a situação trágica se estende até a faixa onde começa a adolescência. Só em 2007 foram mais de 38 mil óbitos no trânsito brasileiro.Nova lei está perdendo a eficáciaEm quase cinco meses de vigência da nova lei de tolerância zero ao álcool, a situação do trânsito parece estar retornando à antiga realidade. Indicadores de acidentalidade voltaram a aumentar e surgem críticas à eficácia da legislação também chamada de lei seca. O tema foi debatido ontem durante o Fórum sobre Traumas de Trânsito, promovido pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia em Porto Alegre.O assessor da gerência de fiscalização da EPTC, Daniel Denardi, diz que os fiscais conseguem lavrar autos administrativos, como a retenção temporária do veículo. Contudo, na hora de se condenar judicialmente - no aspecto penal - o infrator de trânsito, o caso é bem mais complicado.Ele mostrou trechos de decisões judiciais. "A Justiça tem decidido que sem a comprovação de exames de sangue ou do bafômetro, como determina o artigo 306 do Código Brasileiro de Trânsito, não há como se caracterizar crime de trânsito. Isso está na jurisprudência", explica e se deve também ao fato de que o condutor pode se negar a fazer o teste do bafômetro ou qualquer outra testagem sangüínea.Com relação ao número de acidentes, os índices também não são nada animadores. Depois de apresentar uma redução nos atendimentos de 30% durante o primeiro mês de vigor da legislação, o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre voltou a registrar uma nova elevação dos índices de 3% no terceiro mês.Para o presidente da Sociedade de Ortopedia e Traumatologia (SOT-RS), Fábio Dal Molin, isso é resultado da retração da fiscalização, aliada ao menor espaço dado pela mídia ao assunto. "A conscientização demora tempo. É preciso manter as barreiras e as ações de divulgação", aconselha.Em razão disso, a SOT-RS e o Ministério da Saúde lançam hoje a campanha Férias sem Trauma. "Vamos estar com equipes espalhadas em 16 pontos de Porto Alegre para orientar as pessoas que estejam alertas às principais questões de trânsito."Imprudência está entre as grandes causasSe a maioria dos motoristas trafegasse de acordo com as normas de trânsito, o Brasil poderia atingir os tão sonhados índices de redução na acidentalidade. Essa afirmação perfaz o sentimento geral dos especialistas que participaram do Fórum Sobre Traumas de Trânsito, realizado na Fiergs."A imprudência e a negligência são fatores sérios de risco. O caso dos motociclistas é um exemplo. Eles representam 60% do total de acidentes. Grande parte é causada pelo descumprimento das regras básicas de trânsito, como cruzar o sinal vermelho etc. Podemos dizer que a maioria dos casos é de fácil prevenção. Basta que se cumpra a lei", afirma Roberta Dalcin, médica reguladora do Samu de Porto Alegre.Segundo ela, o serviço de atendimento de urgência tem atuado principalmente em acidentes que ocorrem nos horários em que as pessoas costumam estar sóbrias. "Não temos um pico, mas sim um platô de atendimentos que começa às 10h e só termina às 20h", informa.O médico Nelson Tombini, especialista em Medicina de Tráfego, traz mais um dado importante. "Sabemos que um grande número de acidentes acontece próximo de casa. Ou seja, a pessoa está chegando e acaba relaxando. Às vezes, até acelera mais. Por isso é preciso atenção no volante sempre", recomenda.Outro ponto diz respeito ao uso de medicamentos. Tombini reivindica que alguns remédios tenham um indicativo de alerta na embalagem. "Eles podem causar sono ou retardo nos reflexos da pessoa. Em razão disso, deve-se evitar tomar determinados antialérgicos, antiinflamatórios e relaxantes musculares antes de dirigir."

Nenhum comentário: