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domingo, 9 de novembro de 2008

Luta de paz por festas seguras

Igor Carneiro


09 de novembro de 2008, Jornal Zero Hora


LUTO PRECOCE


Luta de paz por festas seguras

No dia 1º, quando se completaram apenas duas semanas do assassinato do filho, a empresária Maria Isabel Santos liderou uma marcha silenciosa às margens do Guaíba, na Capital, para apresentar a Fundação Igor Carneiro, a Ficar. Caminhou atordoada com a recente separação, contendo lágrimas, mas entendeu que deveria se mobilizar desde cedo contra a violência que a todos acossa.Estudante de Direito na PUCRS, Igor foi atingido por uma bala perdida na madrugada de 19 de outubro, numa festa com bebida liberada na Associação dos Funcionários do Inter. O tiro esfacelou a família e abreviou os sonhos do universitário que já trabalhava e faria 19 anos no dia 25.Quando o filho ainda estava no Hospital de Pronto Socorro (HPS), Isabel, 49 anos, foi amparada por parentes, amigos e ex-colegas da turma de 1977 do Colégio Anchieta. Da garganta de todos, pendia o mesmo grito abafado pela estupefação: o que fazer? Foi assim que nasceu a Ficar, que não será propriamente uma fundação, devido ao emaranhado da burocracia.A sigla embute significados, além das iniciais Fundação Igor Carneiro. Isabel lembra que os adolescentes e jovens adotam o termo para namoros relâmpagos em festas. Outra alusão foi sugerida pelo pai do rapaz, o militar Carlos Esquerdo Carneiro, 45 anos, que mora no Rio de Janeiro:– O Igor não pôde ficar, mas o seu filho pode.A Ficar irá se empenhar para que outros jovens não sejam eliminados em festas onde os organizadores liberam bebidas de álcool e não conseguem deter o ingresso clandestino de armas. Vai cobrar que os eventos reunindo multidões tenham alvará, seguranças, detectores de metais. Lazer não deve ser um flerte com o perigo.No início, revoltada com a morte do filho numa festa que reuniu 3 mil pessoas, Isabel cogitou direcionar a Ficar na cobrança de medidas. Agora, embora siga inconformada e indignada com o crime, pretende que a entidade aja na prevenção.– Será uma luta de paz, de alerta aos jovens, para que possam encontrar a festa adequada e segura – diz.A comoção e a vontade de contribuir já agregaram dezenas de voluntários em torno da Ficar. Sites de relacionamento na internet contabilizam milhares de adesões.

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