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terça-feira, 31 de julho de 2012

PRF divulga o último balanço da Operação Férias Escolares 2012

Polícia Rodoviária intensificou fiscalização durante o mês de julho.
Duas mortes foram registradas no último final de semana da operação.
Comente agoraA Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou na manhã desta segunda-feira (30), o quinto e último balanço da Operação Férias Escolares, realizado nas estradas federais do Pará durante o mês de julho de 2012. Foram registrados 35 acidentes, com 18 feridos e dois mortos.
De 2.231 veículos fiscalizados, 745 foram notificados por estarem infringindo o código de trânsito brasileiro. Também foram testes de alcoolemia, que flagrou 10 condutores dirigindo sob efeito de bebida alcoólica. Oito deles foram autuados, presos e encaminhados à Polícia Civil por apresentarem níveis de álcool no sangue considerado crime de trânsito.
Uma das mortes foi registrada no município de Anapu, às 7h30 da última sexta-feira (27), no km 523 da rodovia BR-230. Uma carreta carregada com chapas de metal caiu em uma vala e tombou, o que causou a morte do condutor Willimar Carvalho de Souza. A PRF atribui o acidente a falta de atenção do motorista.
O outro acidente com morte foi registrado em Castanhal. Mário Pinheiro Pereira, de 72 anos, morreu após ter sido atropelado por um veículo quando tentava atravessar a rodovia. A Polícia Rodoviária Federal também acredita que o acidente pode ter sido causado pela falta de atenção do pedestre.
Operação Férias Escolares 2012
As ações da PRF começaram dia 29 de junho e seguiram até o último domingo, 29 de julho. Em 31 dias de operação, foram registrados 373 acidentes de trânsito nas rodovias federais no Pará, que deixaram 220 feridos e 22 mortos.
Com quase 30 mil veículos fiscalizados durante a operação, 6.753 notificações foram aplicadas. Um total de 117 carteiras nacionais de habilitação foram recolhidas e 897 documentos foram retidos, para posterior devolução, após a regularização dos respectivos veículos.
Ainda houve a retenção de 195 veículos para regularização de licenciamento e equipamentos obrigatórios. Outros 41 motoristas foram notificados por dirigirem alcoolizados, entre eles 37 foram detidos pelo crime de embriaguez ao volante.
Em comparação com os dados de 2011, a Polícia Rodoviária Federal constatou que houve uma redução de 20% no número de acidentes, mas um aumento de 11,6% no número de feridos, além de uma morte a mais. Outros números também caíram, de acordo com o relatório divulgado pela PRF: em 2011, foram 67 condutores autuados por embriaguez; em 2012, este número caiu para 41. Os condutores presos pela mesma infração em 2011 chegaram a 49; já em 2012 foram 37.
Fonte: .30/07/2012 11h12 - Atualizado em 30/07/2012 20h10

terça-feira, 24 de julho de 2012

Detran rastreia os 10 trechos que mais matam no trânsito do RS

Como diminuir os riscos nas estradas, uma das maiores causas de morte no Brasil?
Um comitê composto por autoridades municipais, estaduais e federais está disposto a enfrentar esse desafio.
A primeira ideia é atacar pontos críticos situados em 50 municípios gaúchos e que são responsáveis pela maioria dos acidentes de trânsito no Estado. O diagnóstico desses locais de mortandade é fruto de um levantamento criterioso pelo qual o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) rastreou como ocorreram as mortes de 9.708 pessoas em desastres no Rio Grande do Sul, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2011.
Dessas mortes, 1.923 (20%) aconteceram em 50 municípios, que representam 10% do total de cidades gaúchas. A análise dos dados mostra a lógica: via de regra, o maior número de mortes ocorre nas cidades maiores. Mas nem sempre é assim. São Leopoldo, por exemplo, tem um ponto crítico que registra mais mortes que os localizados em Porto Alegre, cidade sete vezes mais populosa.
Os acidentes são causados, basicamente, por três fatores, que atuam de forma isolada ou em conjunto: efeito humano, infraestrutura das vias e condições do veículo. O condutor costuma ser apontado por especialistas como o maior causador de desastres, ao abusar da velocidade, ao não usar cintos e ao consumir álcool ou drogas antes de dirigir. Com relação às vias, os pecados mais comuns são a falta de sinalização, a ausência de proteção e a existência de obstáculos às margens, como árvores ou postes. Por último vêm os problemas dos veículos: falta de manutenção, desgaste de peças e falhas mecânicas.
O governo estadual assegura estar disposto a não culpar apenas os motoristas. No comitê de trânsito, liderado pelo vice-governador Beto Grill, é consenso que as estradas gaúchas são ruins e perigosas. Nos próximos dias, o comitê deve eleger dois pontos prioritários – pinçados dentre os campeões em acidentes – para um diagnóstico in loco. Policiais rodoviários e engenheiros irão aos locais e elencarão providências. Inclusive estruturais, se necessário.
– Nos casos indicados, vamos fazer passarelas, colocar lombadas e mudar o traçado das vias, se a solução for essa – garante o engenheiro mecânico Rodrigo Kleinübing, perito criminal e coordenador da Câmara de Segurança Viária do comitê.r
Fonte: Zero Hora
21/7/12
Humberto Trezzi

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Motoboys devem se adaptar às novas regras da profissão até 4 de agosto de 2012

Legislação que regulamenta a atividade estabelece os requisitos mínimos de segurança para mototáxi e motofrete
Para ser motoboy, a partir do dia 4 de agosto de 2012, será necessário ter, no mínimo, 21 anos e carteira de habilitação na categoria “A” com validade de pelo menos dois anos. A legislação que regulamenta a profissão de motoboy no Brasil e estabelece os requisitos mínimos de segurança para mototáxi e motofrete estipula ainda que o condutor terá que apresentar certidão de antecedentes criminais e comprovante de curso de qualificação, com aulas sobre segurança, ética, disciplina, legislação e vários outros temas, aprovado pelo Detran.
 Os motoristas com mais de 21 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não poderão mais exercer a atividade.
Contudo, as mudanças provenientes da Resolução nº 356 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) não são somente para os motoristas, conforme explica a advogada da IOB Folhamatic, Milena Sanches: as motocicletas deverão conter protetor de motor “mata-cachorro”, aparador de linha antena “corta-pipa” e dispositivo para transporte de carga.
 “Aqueles que não estiverem de acordo com a lei, terão que arcar com multa mínima no valor de R$ 191,54”, informa a especialista em Direito do Trabalho, salientando ainda que os motoboys deverão submeter seus veículos a vistorias semestrais estabelecendo, dessa forma, os requisitos mínimos de segurança tanto para mototáxi, quanto para motofrete. “Além disso, o artigo 139-A do Código Brasileiro de Trânsito estipula que as motocicletas destinadas ao transporte remunerado de mercadorias só podem circular com autorização emitida pelo Detran”.
Com a regulamentação das profissões de motoboy e mototáxista, prevista na Lei nº 12.009/2009, a partir da vigência da Resolução do Contran, serão vedados os motofretes para transporte de combustíveis, produtos tóxicos ou inflamáveis, com exceção do gás de cozinha e de galões de água mineral. “Nesses casos, a motocicleta deverá conter o ‘sidecar’, um dispositivo anexado a moto, especial para esse tipo de transporte. Quando em serviço, o motoboy deverá estar vestido com colete e capacete retrorrefletivos, aprovados pelo Contran”, pontua Milena.
A norma também disciplina que a pessoa ou empresa que contratar os serviços de um motoboy será responsável por danos cíveis oriundos do descumprimento das normas relativas ao exercício da atividade. “Há alguns anos, a profissão de motoboy nem existia na lei. Hoje, essa nova regulamentação pode ajudar a vida desses profissionais. Atualmente, são inúmeras as empresas que utilizam os serviços dos motoboys e a profissão, por si só, é de alto risco. Com certeza, essas determinações trarão mais segurança para os motoboys de todo o Brasil”, finaliza a advogada.

Fonte: http://revista.penseempregos.com.br/especial/rs/editorial-empregos/

domingo, 15 de julho de 2012

Para especialistas em trânsito, mudança não virá a curto prazo


Psicóloga diz que campanha da CET é ineficaz. Diretores de educação no trânsito explicam como é desafiador mudar os hábitos da população
Mudar hábitos de pedestres e condutores tem sido um desafio para a cidade de São Paulo. Diante dos alarmantes índices de mortalidade no trânsito, com 19 pessoas atropeladas por dia e 630 mortes no último ano, segundo dados da Companhia de Engenharia e Tráfego (CET), a prefeitura colocou em prática a campanha de respeito à faixa de pedestres. A partir disso, o iG ouviu especialistas e foi em busca de cidades em que o pedestre é respeitado - graças a programas educacionais ou intensa fiscalização.
A psicóloga e neuropsicanalista, Eliana Nogueira do Vale, explica que o primeiro passo de uma campanha efetiva, que envolva mudança da população, é colocar as partes envolvidas em um cenário positivo. “É necessário mostrar aos pedestres e condutores como eles são importantes para fazer o ambiente funcionar”.
Buscar uma convivência melhor entre as partes é algo necessário, explica Eliana. Porém, o tempo que isso pode levar precisa ser considerado. “O processo de reeducação, exige uma modificação mental com uma reprogramação do cérebro para a criação de uma nova memória”. Isso demanda tempo e pode variar para cada ser humano. “Depois de uma ação ser repetida várias vezes, se torna mais fácil até virar um hábito”, conta.
Para Eliana, a atual campanha da CET é “ineficaz e não produzirá resultados a médio prazo”. Muitos ensinamentos que aprendemos são por imitação e pressão social. Diante disso, a campanha necessita ter maior impacto local. Já na segunda fase do programa, a CET atua em 1% da cidade – nas consideradas Zonas de Máxima Proteção ao Pedestre.
“Não dá para prever quando a massa irá aderir novas atitudes, seja de forma repressiva ou não. Com o correto investimento, será desenvolvida a consciência com ‘C’ maiúsculo”, brinca. E foi exatamente o que aconteceu na cidade de Brasília, no Distrito Federal, segundo o professor da Universidade de Brasília (UnB) e presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IST), David Duarte Lima.
“Ficou entendido que o uso correto da faixa de pedestre tem ligação direta com a qualidade de vida e segurança. Independentemente de ordem de governo ou polícia. Isso é bom para todos”. Segundo o professor, o ponto mais interessante foi como a população incorporou a campanha. “A partir do momento que você desce do carro, passa da condição de motorista para pedestre. Todos nós somos os dois personagens em algum momento”, diz.
Lima explica que a fiscalização com aplicações de multas é necessária, porém possui efeito rápido. “O caminho educativo é um processo longo, mas com efeitos mais duradouros”. Concordando com a psicóloga Eliana, o professor ressalta que com o hábito a própria pessoa passa a se fiscalizar. “Cada um é o seu próprio agente de trânsito”, conclui.
O ponto interessante ao comparar São Paulo com outras cidades é perceber que, segundo autoridades de trânsito, tanto Brasília como São José dos Pinhais, cidade da região metropolitana de Curitiba, apresentam baixos índices de mortalidade no trânsito pelo “constante monitoramento das condições de tráfego”.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Tire dúvidas sobre como controlar o carro em situação de risco

Uma velocidade controlada previne contra grandes sustos na estrada.

Manter os pneus em boas condições ajuda a evitar a aquaplanagem
Apesar de dirigir com todo o cuidado, prestar atenção e seguir a sinalização, o caminho do motorista está sujeito a surpresas o tempo todo. Algumas vezes esses imprevistos podem ser um tanto desagradáveis. Em razão disso, ao se deparar com uma situação diferente é preciso reagir com rapidez e, ao mesmo tempo, com a calma necessária. Para conseguir essa proeza, um pouco de informação ajuda, e bastante.
Uma situação que pega muita gente de surpresa é a aquaplanagem. Com a pista molhada uma fina camada de água pode se formar entre os pneus e o solo. Essa camada faz com que o carro perca o contato com o chão e assim o automóvel pode deslizar sem controle algum do motorista. Em geral a aquaplanagem pode ocorrer acima dos 50 km/h, mas conforme o volume de água já pode interferir no controle do carro mesmo aos 30 km/h. Manter os pneus em boas condições ajuda a evitar esse imprevisto.
Mas se você se deparar com uma condição dessas, o melhor a fazer é tirar o pé do acelerador gradativamente. Não pise na embreagem, é de extrema importância manter o veiculo engrenado, principalmente nessa situação. Não pise no freio nem vire o volante bruscamente. É importante manter o carro em linha reta. Ao perceber que o carro está perdendo o contato com o solo, alivie o pé do acelerador e vire suavemente a direção para direita e par esquerda até sentir que o contato com chão foi restabelecido.
Uma derrapagem também é situação que amedronta motoristas. Nos carros com tração nas rodas dianteiras a tendência é sair de frente, ir reto em uma curva, por exemplo. Se acontecer isso com você, não pise no freio, tire o pé do acelerador e gire o volante para dentro da curva com a intenção de retomar a trajetória da pista.
Já nos automóveis com tração nas rodas traseiras a tendência é sair de traseira, ou seja, a parte dos fundos do carro escorrega para o lado de fora da curva. Nesse caso tire o pé do acelerador e gire o volante para o lado contrário da curva até que o automóvel recupere a trajetória e fique reto para a curva.
Lembre-se que qualquer carro pode sair de frente ou de traseira. Se for a frente que desgarrar vire o volante para a curva. Se for a traseira que desgarrar vire o volante para o lado contrário. Em qualquer condição retome a aceleração de forma gradativa.
Outra situação mais corriqueira na vida dos motoristas são os buracos. Sempre presentes nas estradas e nas cidades, é importante desviar deles sim, mas tomando o devido cuidado para não comprometer a segurança. Velocidades elevadas dificultam uma eventual necessidade de desvio e também pode comprometer o controle do carro. Por isso, algumas vezes é melhor ter uma roda amassada ou um pneu estourado do que descer barranco abaixo. Se perceber que não vai conseguir desviar de um buraco, mantenha o volante reto e não pise bruscamente no freio. Só o fato de aliviar o acelerador já ajuda.
Se ao passar por um buraco o pneu estourar ou esvaziar com o carro em movimento, não pise no freio. Provavelmente a direção vai puxar para um dos lados, mas tenha calma e procure manter o veiculo em linha reta. Tire o pé do acelerador e deixe o carro perder velocidade. Quando tiver o controle do carro indique a parada de emergência e saia para o acostamento. Lembre-se que muitas vezes um pneu furado pode ser uma cilada, assim procure encostar o carro em local que julgue ser seguro, mesmo que tenha que andar um pouco mais com velocidade reduzida.
Uma boa dica é, após pegar um buraco e não tiver o pneu furado ou estourado, faça uma inspeção para verificar se não surgiu uma bolha ou alguma rachadura. Se acontecer isso, mantenha esse pneu no estepe, ou nas rodas traseiras.
Ricardo Lopes da Fonseca

domingo, 8 de julho de 2012

Falta de conhecimento de regras faz crescer acidentes com ciclistas

Somente em 2010, 260 ciclistas perderam a vida no trânsito no estado de São Paulo. Quando as leis de trânsito não são respeitadas, o perigo aumenta muito. Os congestionamentos estão fazendo da bicicleta uma opção de meio de transporte cada vez mais comum nas grandes cidades brasileiras. Mas a falta de conhecimento das regras de trânsito por parte de ciclistas e motoristas fez o número de acidentes crescer. Veja na reportagem de Cesar Menezes. Foram duas cirurgias e Wesley ainda tem seis meses de fisioterapia. “Veio um carro atrás, foi desviar do buraco e bateu na bicicleta em que eu estava”, conta o estudante Wesley Lima. O número de ciclistas internados por causa de acidentes no estado de São Paulo aumentou. Só em 2010, 260 ciclistas perderam a vida no trânsito. Na disputa por espaço nas ruas e avenidas das cidades brasileiras, sofre mais quem é mais fraco. E quando as leis de trânsito não são respeitadas, o perigo aumenta muito. Basta um passeio por São Paulo para mostrar que essa é a realidade. Instalamos uma câmera no capacete de um ciclista experiente. Antes de sair, ele dá uma dica. “Você tem que conhecer o local em que está pedalando. Tem que conhecer a via, estudar a via. Faça o trajeto de bicicleta em um final de semana, quando é mais tranquilo, com alguém experiente”, sugere o consultor em mobilidade André Pasqualini. E vá com atenção. Um motorista distraído abriu a porta do carro e quase provocou um acidente. Mais à frente, uma ultrapassagem sem cuidado. E outro ciclista é fechado. Quem anda de bicicleta reclama dos motoristas. “Muitos não conhecem ou fingem que não conhecem a lei. Não cumprem a lei”, diz o desempregado Ademar dos Santos Branco. Mas ciclistas também ignoram as regras. Vão na contramão, na faixa de pedestre, desrespeitam o semáforo. Pedalar na calçada, não tem desculpa. Leis existem, mas não são aplicadas porque não foram regulamentadas. “Não há ainda todo o cadastramento das bicicletas. Então, não se tem como fiscalizar”, argumenta Irineu Gnecco Filho, da Companhia de Trânsito de São Paulo. Na falta da lei, a cidade tem investido em campanhas de educação. A segurança do ciclista é maior com capacete e roupas claras, quando ele sinaliza antes de uma conversão, evita avenidas movimentadas, trafega na lateral da pista e respeita as leis de trânsito. Fonte: Edição do dia 07/07/2012 07/07/2012 20h51 - Atualizado em 07/07/2012 20h55

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Falha humana é principal causa em 90% dos atropelamentos em São Paulo

Acidentes ocorrem seja por imprudência dos motoristas ou dos pedestres. Vítimas contam como sobreviveram e como lidam com a morte
O índice de mortes de pedestres em São Paulo é alto e exige atenção das autoridades de trânsito. Segundo a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET), 90% das ocorrências tem como principal causa o fator humano. A imprudência, presente tanto no volante como nas ruas, tem sido fundamental para manter São Paulo como uma das cidades mais perigosas do País no trânsito. De um lado o pedestre se arrisca atravessando fora da faixa e "apertando o passo" nas ruas, e do outro o motorista, que simplesmente ignora a preferência do pedestre.
A combinação tem sido mortal, dizem especialistas. O iG escutou algumas vítimas do trânsito de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Os relatos dos entrevistados - tanto na posição de vítima como na de infrator - são similares. 'A passarela estava muito longe' ou 'eu estava indo logo ali' são desculpas utilizadas pelos pedestres. Do outro lado, 'eles são muito devagar' ou 'parecem que são donos da rua' são as reclamações de alguns motoristas que justificam a direção ofensiva.
Guerra Civil:
"A convivência entre carros e pessoas em São Paulo é tão perigosa e devastadora que toda vez que chego ao meu destino, me considero um sobrevivente. Virou uma guerra civil", diz o professor de dança de salão Luy Romero, que sofreu uma grande perda neste ano.
Warley de Souza, de 37 anos, companheiro de Luy havia 6 anos e também bailarino, foi atropelado, no dia 9 de abril, às 22h40, por carros que disputavam um racha no cruzamento da rua Capitão Pacheco e Chaves com a avenida Dianópolis, no bairro da Vila Prudente, em São Paulo.
Luy conta que o companheiro trabalhava em Santo André e, no momento do acidente, estava a poucos metros de casa. "Conversava com ele pelo celular. Ele disse que, por medo de ser assaltado, deveríamos desligar. Quando disse ‘tchau’, só pude ouvir a gritaria". No momento, o bailarino, que atravessava corretamente pela faixa, havia sido atingido por um carro em alta velocidade e lançado a cinco metros do solo. Warley caiu com a cabeça no asfalto, lesão que o deixou em coma por dois meses.
A dupla, conhecida como Luy e Ally, liderava a Companhia de Dança Ally Hauss, nome artístico da vítima. Juntos se apresentavam pelo País com números de dança indiana e neotribal. Com o acidente, Luy passou a assumir compromissos do grupo pensando que "um dia ele vai retornar para assumir tudo, como deixou". Segundo ele, a total recuperação de Warley, bailarino há 19 anos, sempre foi considerada "sonho" por médicos da UTI, do Hospital Heliópolis, onde o companheiro seguia internado.
"Minha rotina mudou completamente. Tudo o que faço agora é por ele, pensando em como recebê-lo. Se for preciso ensiná-lo a dançar outra vez, eu faço", contou emocionado. O grupo já estava alcançando os palcos internacionais - com apresentações agendadas na África, Estados Unidos e Chile.
"Seria um salto em nossa carreira. A companhia está parada, todos esperamos por ele". Mas a espera acabou. No último contato do iG com Luy, com traumatismo craniano e infecções adquiridas em seu tempo internado, o professor não resistiu e morreu dia 22. “O sonho da academia não irá morrer, nenhum agressor vai me tirar isso. Sem escolha, seguiremos sem ele”.
Sobreviventes
A analista de Recursos Humanos Tânia Mara Salini enfrentou aos 17 anos o "maior susto de sua vida", segundo ela. Hoje, sete anos após o acidente, Tânia ainda possui a cicatriz que não a deixa esquecer o dia em que ela resolveu atravessar fora da faixa de pedestres, em Jacareí, cidade do interior de São Paulo.
Em março de 2004, por volta das 17h, Tânia seguia a pé pela rodovia Nilo Máximo, estrada que segue à cidade de Santa Branca, para buscar o primo na escola. Ela conta que por ser horário de pico, por volta das 17h, o excesso de veículos possibilitava uma travessia "segura". Quando ameaçava atravessar, um caminhoneiro decidiu “ajudá-la” fazendo sinal com o braço indicando que ela poderia cruzar a via sem medo. Ela confiou. A visão de uma Kombi vindo em sua direção, no outro sentido da rodovia, é a ultima imagem que ela se lembra.
"Confiei nele, pensando que ele tinha uma visão melhor da pista. Olhei para o lado e vi o carro. Só deu tempo de fechar os olhos e esperar". Para ela, a faixa de pedestre não era uma opção já que "estava muito longe, a uns 500 metros dali". A ousadia rendeu à analista um ombro e cotovelo fraturados. Ao todo, recebeu seis pinos no braço direito, nove pontos no ombro e dez no cotovelo.
Mesmo depois de um longo processo de recuperação, com sessões de fisioterapia e sequelas, o trauma de atravessar fora da faixa durou seis meses. "É triste, confesso que não aprendi. Cheguei a ter medo de fazer isso novamente, passava perto da rua e me arrepiava. Só que isso durou pouco, ainda abuso", confessa.
Fonte http://ultimosegundo.ig.com.br/